sábado, 1 de fevereiro de 2014

GENERAL MOTORS: DEMISSÕES EM MASSA!

                                                                                              

David Lucius


            Após o governo ter realizado uma redução de impostos que beneficiou as montadoras de automóveis com quase R$ 7 bilhões em abatimentos, a GM decidiu, no final do ano passado, demitir aproximadamente mil funcionários da fábrica de São José dos Campos. As demissões foram realizadas por telegrama, uma forma baixa, vil e sorrateira (em plena época de festas de fim de ano) de demitir os trabalhadores e tentar impedir sua organização e sua luta.

            Segundo um dos executivos da empresa, Luis Moan, essas demissões já tinham sido acordadas entre o sindicato, a GM, e o Ministério do Trabalho. O acordo havia sido feito em janeiro do ano passado e previa a demissão dos trabalhadores da fábrica de São José. Segundo Moan: “Ao todo foram tentados quatro acordos, que não vingaram por causa do sindicato”. A colocação do executivo da GM vai no sentido de colocar os trabalhadores em choque com o sindicato em um momento em que a organização para a luta é essencial no movimento operário, não só regionalmente, mas principalmente de forma ampla e nacional, como método para se contrapor a tentativa das grandes empresas de jogar a crise capitalista nas costas dos trabalhadores.
            O dirigente nacional do PSTU, José Maria de Almeida, no inicio do ano passado comentava assim o acordo fechado naquele ano pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José: “Após uma dura batalha com a empresa, conseguiu-se suspender temporariamente as demissões” e em seguida “Foi o acordo possível, nas condições de relações de forças existentes. Não é o acordo que queríamos fazer. A extensão do lay off por mais dois meses garante que não haja demissões agora, mas não impede que a montadora demita estes companheiros dentro de 60 dias” e mais adiante “Longe de ser um bom acordo, foi o possível diante dessa dura situação e não teria sido possível caso não houvesse mobilização”. As contradições firmadas nesse acordo, explodiram agora, diante dos efeitos da crise no setor automobilístico nacional e da decisão do governo de voltar a elevar o IPI para todo o setor.
            As tentativas da GM de fechar a linha de montagem de automóveis (MVA) em São José dos Campos vem desde 2008. No ano passado, logo após o acordo, a GM já havia demitido cerca de 600 trabalhadores. Em julho passado, a presidente Dilma havia afirmado que a redução do IPI estava condicionada a manutenção dos empregos. Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), a GM fechou 1217 postos de trabalho entre janeiro de 2012 e dezembro de 2013, mostrando que o acordo de manutenção dos empregos para a para a redução do IPI foi praticamente ignorado pela GM. Com o fim da redução do IPI anunciado para o inicio de 2014, a industria automobilística aprofundou essa política e iniciou uma pratica de demissões em massa como meio de reduzir custos, pressionar diretamente os trabalhadores e os sindicatos em seus futuros acordos, aumentar a sua lucratividade, e por tabela pressionar o governo a reduzir novamente os impostos e a aumentar os seus subsídios (gerando, obviamente, mais lucros para as empresas).
            Diante das demissões em marcha o sindicato luta por reverter as demissões: o caminho jurídico de entrar com uma audiência de conciliação no TRT não foi o caminho para essa reversão, a audiência de conciliação no TRT de Campinas fechou um acordo que beneficia os trabalhadores demitidos com os mesmos direitos dos trabalhadores que aderiram ao Programa de Demissão Voluntária (PDV), e mais o recebimento de 1 a 5 salários, conforme o tempo de salário de cada trabalhador. Mas as demissões continuam vigentes, demonstrando que o único caminho para barrar as demissões é a mobilização e a luta nacional dos trabalhadores.
            As demissões na GM são o início de um processo de demissões em massa que se inicia com o objetivo de descarregar a crise sobre os assalariados e a classe operária. Os trabalhadores, diante dessa situação, devem discutir a fundo uma política para enfrentar a tentativa do governo de Dilma Rousseff e seus acólitos de jogar os efeitos da crise sobre suas costas, a organização de um congresso de base, com ampla participação dos trabalhadores, para discutir uma política classista frente às demissões em massa e para organizar um plano de lutas para enfrentá-las, seria um passo importante na organização dos setores mais combativos do movimento operário.