terça-feira, 15 de dezembro de 2015

BRASIL – UM REGIME DE CORRUPTOS E AJUSTADORES!


                                                                                         JORGE ALTAMIRA

                                                                                                                  


A aceitação do tratamento de um dos muitos pedidos de julgamento político contra a presidente Dilma Roussef, por parte do presidente da Câmara de Deputados, seu ex-aliado Eduardo Cunha, deu início ao processo de impeachment. O começo está embaraçado: o Supremo Tribunal Federal aceitou uma medida cautelar de um partido da “base aliada” que suspende a comissão de Deputados que devia analisar o pedido, em que, aparentemente prevaleceu mais propensa a favor da destituição da presidente. Se Dilma Roussef for destituída, o poder ficaria – ao menos provisoriamente – nas mãos do vice-presidente Michel Temer, um homem do PMDB – partido da “base aliada” – que está em processo de ruptura com o governo e parece incentivar uma saída de “unidade nacional” frente à crise.

Dilma Roussef não chega ao processo de julgamento político devido ao petrolão, o escândalo de superfaturamento colossal das obras públicas através da Petrobrás e de propinas a políticos e funcionários que envolveu aos principais partidos políticos, mas sim por um assunto menor: as habituais “pedaladas fiscais”, pelas quais o governo demora na transferência de fundos aos bancos públicos para maquiar as contas oficiais, violando a Lei de Responsabilidade Fiscal. A sorte de Dilma dependia de sua capacidade para conter a crise. O que precipitou o julgamento político é o caos na economia: o PIB deste ano cairá em média 4,5% e alguns falam da pior recessão em oitenta anos. Definitivamente, o impasse do ajuste conduziu e este mecanismo tortuoso de reorganização, como um recurso de crise, que agrava a crise política e torna ainda mais imprevisível o Congresso. Para poupar tempo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso 
pediu à presidente que a mesma renuncie.
                             

Paradoxalmente, o mais apurado em um desenvolvimento do impeachment é o governo, que avaliaque conta hoje com os votos suficientes no Congresso para derrotar o julgamento político. Todo adiamento, em um quadro de agudização da crise, pode empurrar mais setores ao campo opositor. A coalizão que sustentava Dilma Roussef está se desintegrando e o PT conta por si mesmo com escasso poder de fogo: somente 66 deputados num total de 513.

Os petistas sustentam que estamos na presença de uma ofensiva da direita, mas omitem dizer que foi a própria Dilma Roussef quem permitiu seu desenvolvimento. Entregou ao PMDB toda a linha de sucessão presidencial e designou como ministro da Fazenda ao “chicago boy” Joaquim Levy. Situam a ofensiva em um quadro regional, sem reparar em que a própria Dilma Roussef prometeu uma “mudança de atitude” em relação ao regime chavista. Por outro lado, nada tem de progressista o esvaziamento da Petrobrás e do Tesouro Nacional em benefício de gigantescas corporações capitalistas – os trabalhadores da Petrobrás saíram de uma greve de mais de dez dias contra a política privatizante de venda de ativos na companhia promovida pelo governo.


A crise brasileira expressa também uma luta de fundo. Detrás do Petrolão se esconde um jogo que envolve ao grande capital internacional que se empenha pela distribuição das obras públicas e um avanço na privatização do petróleo. A poderosa pátria das empreiteiras brasileira, que soube orbitar em volta da Petrobrás, como a Camargo Correa, Odebrecht e Andrade Gutierrez, tem alguns de seus diretores na prisão ou terá que pagar multas siderais. Todo um setor da burguesia, por sua vez, é partidária de abandonar o MERCOSUL.

O PT gozou da anuência do imperialismo durante um período de bonança das commodities, donde também os bancos acumularam lucros fabulosos no país. Além disso, conteve o proletariado mais importante da América Latina em uma década de insurreições no continente – às quais também contribuiu para pulverizar. Sua incapacidade de comandar o ajuste fiscal está conduzindo a burguesia a uma mudança de frente.

                

Todo um setor da burguesia brasileira e das organizações sociais está se colocando a reboque do governo ajustador. OMST, os movimentos dos Sem-Tetos e outros grupos se mobilizam em apoio ao governo, enquanto que os movimentos pró-impeachment estão saindo às ruas por motivos exatamente contrários.

O corrupto Congresso Nacional, que é o mesmo que aplica o ajuste contra as massas, não tem nenhuma autoridade para promover o julgamento político. As forças que o dominam (PT, tucanos, PMDB, etc.) são as receptoras das propinas do Petrolão, começando pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, investigado na Comissão de Ética. Recebem o financiamento das empresas envolvidas no superfaturamento de obras públicas. Muito antes, o “Mensalão” revelou um esquema donde o governo de Lula assegurava a aprovação de leis pelo meio do suborno sistemático aos legisladores opositores. A podridão, que se estende ao Executivo e ao Judiciário, é a podridão de todo um regime político.
ABAIXO O REGIME DE CORRUPTOS E AJUSTADORES!


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

MACRI SE IMPÔS A SCIOLI POR UMA MÍNIMA DIFERENÇA!

                                                                                         

                                                                       JORGE ALTAMIRA


Somente uma fetichização da democracia eleitoral pode ignorar que nos marcos em que se desenvolveu o segundo turno representam uma regressão política da Argentina. Totalmente ao contrário do novo relato dominante que pinta como histórico tudo o que vem ocorrendo. Desde a Vitória do PRO na província de Buenos Aires, o debate presidencial e a vitória do Cambiemos. No domingo passado teve lugar, na realidade, uma disputa acerca das características de uma saída capitalista à bancarrota financeira que deixou a gestão de governo do kirchnerismo, entre dois candidatos conservadores da burguesia local. Que o voto popular tenha sido instrumentalizado como arbitro dessa diferença, não altera em nada seu conteúdo reacionário. Os povos não somente protagonizam epopeias históricas em períodos excepcionais, também podem sucumbir ante os desafios que lhe impõem os impasses da sociedade em que habitam.

O Kirchnerismo designou de entrada ao macrismo como seu “inimigo principal” com a convicção de que essa dicotomia lhe garantiria um prolongado monopólio de poder. O tiro lhe saiu pela culatra. Não contou com suas próprias contradições. Por isso desenvolveu com entusiasmo uma política de “desendividamento”que, pregada como uma expressão de autonomia nacional, serviu ao esvaziamento financeiro da Argentina e a bancarrota atual. A dívida impagável com os credores internacionais foi reconvertida em uma hipoteca impagável com a Anses, o Banco Central e o Nación e até o Pami. Agora difunde a necessidade de uma “recapitalização” e para isso de um “reendividamento”. É óbvio que Macri e o Pro são instrumentos mais afins para esta tarefa de “ajuste” do que qualquer outra expressão política nacional. Após um transito pelo massismo, os Techint, a Fiat e os bancos mudaram de frente para o macrismo.”Após um transito pelo massismo, os Techint, a Fiat e os bancos mudarem frontalmente sua orientação política para o macrismo.

Marx dizia que “O passado oprime como um peso morto o cérebro dos vivos”. Isto talvez explique que os K tenham querido sair do impasse econômico, tardiamente, por meio do bonapartismo, ou seja, do governo pessoal e a tentativa de repetir o primeiro peronismo. Somente conseguiu acentuar o sistema de camarilhas, as conspirações entre serviços e a corrupção. Devolveu credibilidade aos falsos profetas da democracia e do “consenso”. Aumentou a opulência com o sistema de poder pessoal que se acentuou com o colapso econômico. Estas contradições provocaram realinhamentos tormentosos no eleitorado, que demonstrou com isso que era um organismo vivo e não um algarismo numérico. Primeiro tentou envolver o aparato macrista em Buenos Aires com uma súbita guinada para Lousteau ( o qual quase havia enterrado as aspirações presidenciais de Macri). Seguiram-se semanas mudanças: caíram os barões do suburbano (prefeitos históricos da região em torno de Buenos Aires), os K perderam a província de Buenos Aires, o qual habilitou a futura governabilidade para uma presidência de Cambiemos. Macri entrou como ganhador do segundo turno, porém ao final sua esperada vitória por goleada, transformou-se em uma vitória por pontos. A volatilidade do eleitorado reflete a volatilidade do conjunto da situação política. Nos dias prévios ao segundo turno, os porta vozes do macrismo deram sinais de que estavam repensando a saída de “shock” por uma saída “gradual”. Como explica uma edição recente do The Economist, as chamadas economias emergentes estão na lona, especialmente o Brasil, e em um segundo momento a China. Ainda que se reserve alguma possibilidade para a Índia e a Argentina, descreve uma agudização da crise mundial que opera como uma barreira para uma saída de um ajuste nestes países. Uma transição econômica e política indolor para a Argentina e para os trabalhadores está fora do radar. A luta para não voltar a pagar a crise capitalista, voltará a colocar na agenda a necessidade de uma alternativa política autônoma dos trabalhadores.

Para a Frente de Esquerda é significativo que o voto em branco foi descartado por completo pelo eleitorado, como um instrumento inadequado. Inclusive nosso próprio eleitorado não compartilharam da proposta de que a delimitação política com os 'ajustadores' do capital era, primeiro, uma questão de princípios, e a única forma de propor uma perspectiva superadora dessa armadilha política. Ainda que os fatos do presente e do futuro provarão o acerto de nossa posição, é necessário aprofundar a ação política da Frente de Esquerda. Essa necessidade revela toda sua importância ante o fato de que muitos setores combativos aceitaram contribuir com o voto para Scioli. Após o rotundo fracasso do governo, os K tentarão converter-se em líderes da oposição ao macrismo (sem deixar por isso de negociar para conservar privilégios e posições estatais). O mesmo vale, com matizes diferentes, para a burocracia sindical. Desde sua ação parlamentar, sindical e nos lugares de trabalho e estudo, a Frente de Esquerda deve desenvolver as condições políticas para que emerja uma nova direção política para as massas da Argentina.








terça-feira, 24 de novembro de 2015

UM NOVO CAPÍTULO DA GUERRA IMPERIALISTA

                                                         Equipe de Redação do Jornal Prensa Obrera


                                                         


Depois dos atentados em Paris, as forças francesas (com auxilio norte-americano) empreenderam massivos bombardeios sobre o território sírio com o argumento de destruir ao Estado Islâmico (EI). À ofensiva somou-se Putin, que ordenou às tropas russas que coordenem suas ações com as potências ocidentais. O regime iraniano anunciou suas intenções de juntar-se a esta "frente única".

O imperialismo deu um salto em uma escalada que leva anos de ações militares sobre a Síria, Iraque, Afeganistão, e inclusive no continente africano, aonde a França enviou tropas (Mali).

Para desenvolver esta ofensiva, o governo francês impulsiona uma "unidade nacional" (a que se submeteram setores da esquerda) e um fortalecimento do estado de exceção dentro de seu próprio território. Foi prorrogado por três meses o Estado de emergência que permite prisões e diligências domiciliares sem ordem judicial. Mais ainda, o primeiro ministro francês propõe modificações que outorguem status constitucional aos ataques contra as liberdades democráticas iniciados desde o atentado contra a redação de Charlie Hebdo. Os serviços de inteligência foram reforçados e em maio se aprovou uma lei que lhes outorga amplos poderes de interceptação de comunicações telefônicas e cibernéticas com a mera autorização do primeiro ministro. Também permite que "em casos urgentes, os espiões podem até atuar de imediato e comunicar depois sua ações" (El País, 14/11). O fortalecimento dos serviços de inteligência, que se estende também à Grã-Bretanha, não impediu os recentes atentados e, inclusive, um dos atacantes suicidas estava registrado por eles. Em troca, as medidas de exceção em desenvolvimento na França e outros países do continente europeu apontam a uma arregimentação e divisão dos explorados no quadro da bancarrota capitalista, por um lado, e à necessidade de estabelecer essa arregimentação para resolver a divisão de Oriente Médio, por outro.

Mas, além disso: o governo se propõe ampliar as atribuições do aparato policial no uso de armas de fogo (gatilho fácil?) e inclusive o presidente Manuel Valls declarou que "temos que expulsar aos que mantém discursos insuportáveis contra a República" (idem, 17/11) Está sendo copiada a cartilha de Marine Le Pen de dissolver as mesquitas ‘radicais'. Sobre bairros empobrecidos de maioria muçulmana, como Molenbeek na Bélgica (acusado como semeador de ‘jihadistas'), desatou-se uma caçada. O sionismo está dando sua contribuição, identificando a ação fascista do EI com a resistência palestina contra a ocupação.

Por último, procura-se endurecer a política aos refugiados: Turquia, a ponte principal de acesso à Europa Ocidental por parte dos refugiados sírios, foi exortada - em troca de algumas concessões- a deter a maré de refugiados até a costa grega. A beligerância estatal contra os refugiados é previa aos atentados, como o provam os muros na Europa do Leste e o estado de abandono a que o Estado francês submete aos migrantes em Calais.

Como foi afirmado em um artigo do New York Times, os ataques de Paris obrigaram a repensar o problema de um incremento das operações militares dos Estados Unidos e do Ocidente na Síria e no Iraque. Os limites da política de bombardeios levantam a questão de uma operação terrestre, ainda que exista um temor fundado que um passo destas características conduza a seus promotores a um pântano superior ao atual.

A “mega coalizão” contra o EI deve superar múltiplas contradições: o propósito de cortar suas fontes de financiamento choca com o fato de que a própria anfitriã do encontro do G20, Turquia, assim como Arábia Saudita e outras monarquias do Golfo em conflito com o Irã, estão comprometidas em dito financiamento (Putin denunciou o financiamento ao EI por parte de 40 países!); a recorrente intenção de uma transição política na Síria, debatida na Cúpula de Viena, requer uma resolução prévia de divergências sobre o “roteiro”, principalmente o papel que ocupariam nela Al Assad e suas forças armadas.

Os Estados Unidos e a Rússia desenvolveram um compromisso precário contra o Estado Islâmico, devido aos seus interesses divergentes.

O terror fascista do EI e a intervenção imperialista (e russa) estão em um mesmo campo contra os explorados do Oriente Médio. É necessária una ação internacional dos trabalhadores contra o terror fascista do EI e contra a escalada belicista do imperialismo no Oriente Médio.







sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Pablo Rieznik (1949 - 2015): un hombre, un partido, una generación





Osvaldo Coggiola


La muerte de Pablo Rieznik nos priva de mucho más de lo que se imagina, de más de lo que ha sido dicho hasta el momento, sin restar ningún mérito a lo que se dijo. Lo conocí como "Aníbal" en 1971, en Córdoba sin duda, donde yo vivía y militaba, aunque no recuerde en que exacta circunstancia. Charlamos por última vez hace poco tiempo. En el medio, 45 años de relación política y personal, feliz o borrascosa, apuntando hacia un objetivo político e histórico común. Una infinidad de anécdotas. La certeza de haber conocido y querido a un ser humano singular, irrepetible e insubstituible. Quiero apuntar aquí algunas cosas básicas, a partir de mis recuerdos y experiencia. A finales de1971, con 22 años, Pablo fue uno de los coordinadores del Congreso Nacional de la TERS (Tendencia Estudiantil Revolucionaria Socialista), hacia la formación de la ORJ (Organización Revolucionaria de la Juventud, como la llamábamos entonces), proceso que concluyó, a finales del año siguiente, con la creación de la UJS (Unión de Juventudes por el Socialismo) en un congreso realizado en la Facultad de Arquitectura de Buenos, al que concurrieron más de mil jóvenes, de Buenos Aires, Mar del Plata, Bahía Blanca, Rosario y Córdoba, que era el "radio de acción" de Política Obrera, la organización trotskista creada en 1964. Pablo, estudiante de economía en la UBA, ya era un dirigente nacional de esa juventud, si no el principal, el más conocido públicamente. En 1971, yo era un recluta reciente, estudiante de historia y economía en la UNC (Universidad de Córdoba), incorporado a la TERS (y a PO) dentro de un grupo originado en la "izquierda nacional" (llamada entonces PSIN), corriente que había conquistado la dirección de la FUA (Federación Universitaria Argentina), en alianza con un sector de Franja Morada, en el congreso realizado en la Facultad de Ingeniería de Córdoba, a finales de 1970.

Dos años de edad nos separaban (sólo bastante después, las conversaciones "personales" no eran muy frecuentes entonces, caímos en la cuenta que habíamos frecuentado la misma escuela secundaria, el Colegio Nacional de Buenos Aires, en los años 60), pero ambos éramos miembros de lo que después se llamó "generación del Cordobazo", referencia a la gesta de obrero-estudiantil de1969, que en esa época no tenía ningún nombre, y mucho menos cualquier imagen mítico-romántica ("setentista", o como se la llame). Pablo se había incorporado a Política Obrera en 1969, en la Facultad de Economía de Buenos Aires.

En 1971, por primera vez, la TERS tuvo delegados en un congreso de la FUA (la tendencia había participado en el congreso de 1970, con una fuerte agitación política, pero sin ningún delegado). Ese año, 1971, a mediados de año, Claudio Waisbord (principal dirigente de la TERS en Córdoba, célebre por la foto que lo retrataba "en acción" durante el Cordobazo, publicada en las revistas porteñas, ver arriba) y yo participamos como delegados de Córdoba (y de la TERS) en el CNC de la FUA (en Tucumán), de lo que nacieron algunas relaciones políticas, que acabaron siendo importantes (para Pablo, inclusive). Pablo y yo volvimos a Tucumán, donde "no teníamos nada", al año siguiente, tejiendo una efímera alianza con la LIA, una agrupación estudiantil tucumana independiente que dirigía el centro de estudiantes de la Facultad de Derecho. En los congresos de la FUA de 1971 (en Ciencias Económicas de Córdoba) y, especialmente, de 1972 (después de las elecciones de centros de estudiantes en Buenos Aires, en las que la TERS tuvo un gran desempeño), la TERS tuvo un número creciente de delegados. Pablo, en parte gracias a la alianza (un mini "frente de izquierda") con la LIA, fue elegido miembro de la Junta Ejecutiva de la FUA (eran quince miembros, que se reunían públicamente). Creo que fue el primer militante de PO (o "del" PO, como ahora se dice) que ocupó un cargo político público de alcance nacional.

Entre 1971 y 1975, Pablo fue nuestro principal portavoz (orador) en los congresos de la FUA. Y también el principal dirigente en los congresos de la UJS: el último congreso de la UJS antes de la dictadura de Videla fue realizado clandestinamente en Buenos Aires en 1975, poco después del Iº Congreso de Política Obrera, en el que Pablo fue elegido miembro del Comité Central (después de una destacada actuación en el congreso). Era, desde luego, el principal responsable en las (numerosas) reuniones de la dirección nacional de la UJS realizadas por aquellos años.No eran reuniones ni congresos pacíficos: las divergencias y las discusiones, hasta violentas, eran corrientes; conducir todo a buen puerto no era tarea para cualquiera y, sobre todo, no era tarea para un burócrata (si lo hubiera sido, hubiéramos tenido por lo menos media docena de escisiones). Pablo fue el principal responsable por la conducción política de nuestra corriente juvenil en esa década revolucionaria.

Pero fue mucho más que eso. En 1970-1975, especialmente en los años finales de la dictadura militar de Onganía - Levingston - Lanusse, la FUA fue la principal tribuna política nacional en la que se confrontaban las diversas corrientes de izquierda (las plenarias nacionales clasistas del Sitrac/Sitram [1971], o de Villa Constitución [1974], sólo tuvieron una sesión). En esos años, Pablo fue el mejor orador de la FUA. El PC, en 1970, había escindido la FUA (creando la llamada "FUA La Plata", con su exclusiva y única participación) porque no tenía programa, ni política, ni huevos, para bancarse los debates de la FUA, y porque quería meter un aparato estudiantil propio en el ENA (Encuentro Nacional de los Argentinos, un engendro político anticlasista). Los congresos de la FUA (llamada "FUA Córdoba", un buen nombre) se hacían con barras enormes, el barullo era constante, a muchas intervenciones nadie les daba bola, pero cuando Pablo hablaba se hacía siempre el silencio.

Que Pablo fuese el mejor orador de la FUA se lo escuché decir a delegados radicales, reformistas, peronistas, maoístas y hasta a foquistas (que nos odiaban, por nuestra crítica abierta al aventurerismo-substitucionismo militarista). Hasta los estalinistas (PCA), la secta más infame, lo reconocían. "Habla bien", decían. "Es la línea política", decíamos nosotros. Eran las dos cosas, y algo más. Los congresos estudiantiles duraban días, las intervenciones duraban entre cinco y diez minutos, en los que Pablo conseguía referirse a los problemas tácticos inmediatos, a los problemas políticos generales y hasta a los problemas teórico-programáticos. Llegaba a las alturas de la filosofía política, para bajar de inmediato a las luchas de la semana que viene. Nadie lo hacía así, despertaba admiración, no "hablaba mejor", era superior. Muchos de esos delegados fueron después diputados, senadores y hasta gobernadores. No Pablo, y no, como se ve, porque le faltaran condiciones. Durante esos años, en la principal tribuna política del país, el Cordobazo, el Mendozazo, el Tucumanazo, el Rosariazo, el clasismo, la revolución socialista, hablaron por la boca de Pablo.

Los "oradores profesionales" de la FUA, algunos con más de una década de experiencia en la función, adoptaban en general una postura de esfinges misteriosas de sus sectas. Pablo circulaba por los pasillos de los congresos tranquilo y risueño, comía sándwiches de mortadela con todos, siempre bromeando y divirtiéndose con sus compañeros y también con sus adversarios. Pablo era el militante anti-secta por excelencia. Su sola presencia jovial y extrovertida destruía la caricatura legendaria del trotskista solitario, siempre con cara de enojado y de prisión de vientre, promotor de escisiones, que sólo salía de su cápsula para putear a todo el mundo (inclusive en su partido o partidito) por todos los motivos y desviaciones posibles, por el simple hecho de existir, una versión laica del cura o rabino lavador del pecado original. Pablo era el comunista del Manifiesto, aquel que "en todas fases (y circunstancias) representa siempre los intereses generales do movimiento". Pablo podía ser muy duro y estricto (y lo era) en congresos y reuniones internas, pero dejaba esa dureza en la puerta del recinto, o en el límite temporal de la reunión, y nunca le daba un tono personal.

Pablo no era sólo el "dirigente de las grandes ocasiones", o de los grandes eventos. Estaba en el día a día de la actividad, en todos los frentes posibles, en todas las tareas. En 1973, bajo la hegemonía aplastante de la JP en las universidades porteñas (no en el interior), después de la victoria electoral del peronismo, algunas asambleas de facultad de la UBA habían llegado a prohibir el uso de la palabra (¡en asambleas!) a la TERS-UJS, debido a nuestras críticas y posición independiente frente al gobierno peronista (frente al que toda la izquierda, "trotskista" o guerrillera incluida, había sacrificado su independencia política).En las asambleas en que la UJS conseguía hablar, la JP porteña respondía con el edificante coro de "Dale Boca"...

En una elección de centro, la JP rasgó y arrancó uno de los cartelones (que todos usaban) en papel velado, con textos en marcador, de la UJS, que criticaba al gobierno. Pablo llegó al lugar del hecho, e inmediatamente armó un mini acto de protesta con las personas que allí estaban. Se juntó un público, con gran mayoría de la JP y de "montos" reales o verbales (estos, los peores, eran una plaga). Pablo exigió que la JP remendara el cartel de la UJS y lo volviera a colocar en su lugar, lo que despertó la reacción risueña de la mayoría de los presentes. Sin inmutarse, y frente a la mirada estupefacta de los peronistas de hora reciente, Pablo se dirigió a uno de los cartelones de la JP, lo rasgó y lo arrancó. Miró a los representantes de la "juventud maravillosa" con ojos desafiantes y sin palabras: éstos se limitaron a observar todo con la boca abierta, pese a su número harto superior. Pablo se retiró con los militantes de la UJS, en medio del silencio; una fuerza desconocida acababa de enfriar la fiesta camporista.

En 1975, Pablo estaba en Córdoba, durante la huelga general de junio-julio. Su primer hija, Marina, nació en ese momento en Buenos Aires, noticia que llegó por teléfono (una de las pocas cosas que funcionaban) a mi casa, donde Pablo paraba. No había colectivos, ni ómnibus de larga distancia, ni estaciones de servicio, que funcionasen. De algún modo, llegamos a la salida de Córdoba por la Ruta 9, la del Arco, donde Pablo comenzó a "hacer dedo". Los autos hacían trechos cortos, no había nafta disponible (legalmente, al menos). En un día y medio, después de muchas etapas y "dedos", Pablo llegó a la Capital, para estar junto a su mujer (Alejandra Herrera) y su hija recién nacida, hoy destacada historiadora de la ciencia en Argentina.

Pocas semanas después, Pablo ya estaba militando nuevamente en Córdoba, en las campañas electorales en las que íbamos a obtener nuestras primeras victorias en elecciones de centros universitarios (en Buenos Aires éramos, como máximo, segundos). En los últimos meses del año, en medio a una oleada represiva y de asesinatos a mansalva (de la Triple A o de los "Libertadores de América" de Luciano Benjamín Menéndez), el cierre de la universidad por el interventor de la UNC (un tal Menso) nos impidió obtener esas victorias, algunas (Arquitectura) ya descontadas hasta por los diarios. Con la UJS organizamos, a partir de una asamblea general de la FAU, la última marcha callejera en Córdoba antes de la dictadura militar (las otras tendencias se habían "mandado a guardar") en protesta contra el cierre de facultades, con pocos detenidos por lo sorpresiva (la gente nos miraba boquiabierta cuando desfilábamos en las calles del centro). Poco antes de eso, hubo el cortejo que llevó los restos mortales de Agustín Tosco desde el club Redes Cordobesas, que fue ametrallado por los paramilitares en el cementerio de San Jerónimo.

Después vino la dictadura militar. Me tuve que rajar de Córdoba, e ir a Buenos Aires: toda persona llamada "Coggiola" (un apellido poco común, y ciertamente bastante notable) era detenida en los controles militares en los puentes cordobeses. Yo estaba jurídicamente en libertad condicional, después de una encanada más larga en 1974: "porte de arma de guerra", era la carátula del proceso, después del allanamiento y clausura del local de Política Obrera (en la calle Rondeau 633, cerca de la terminal de ómnibus), de que yo era el apoderado legal en Córdoba, y también el que alquilaba el local. Instalada la dictadura, mi hermano, Rodolfo, fue secuestrado y torturado en Córdoba (fue liberado).Gracias al estado de sitio decretado por el "demócrata" Ítalo Luder en 1975 (continuado por la dictadura militar), mi causa permaneció abierta hasta... 1984. Años después me enteré de que, también, había sido expulsado de la UNC por el interventor militar. En Buenos Aires, en los días iniciales de la dictadura, Pablo se conmovió al verme dormir en el piso de la piecita que me sirvió de refugio provisorio: me consiguió un colchón.

En esos meses bravos de 1976 hacíamos cosas, las posibles, en Buenos Aires. Intentábamos organizar la resistencia juvenil a la dictadura asesina. El periódico "Política Obrera" pasó a ser publicado clandestinamente, como Adelante y luego como Tribuna, para después retomar su nombre original, hasta el número 336. Con Pablo, hacíamos la revista de la UJS, Juventud Revolucionaria, que circulaba de modo clandestino, modestamente mimeografiada. Nos encontrábamos en un barcito en el subsuelo del GEBA, en el centro (calle Bartolomé Mitre o Cangallo), para ver, escribir y corregir los artículos. Publicamos una poesía del español Marcos Ana, sobre los sufrimientos de las madres que visitaban a sus hijos presos en las cárceles, después de la guerra civil española. Lo comparamos con los sufrimientos de las madres argentinas en situación semejante. Las desapariciones ya eran conocidas, la palabra "desaparecidos", sin embargo, no era todavía corriente. Escribimos en la revista que las madres y parientes de presos y "detenidos ilegales" argentinos se podrían organizar y abrir un frente de lucha decisivo contra la dictadura militar. Mediados de 1976: todavía no existían las "Madres de Plaza de Mayo" ni la Comisión de Parientes de Detenidos y Desaparecidos. Lo escribimos y después, con Catalina Guagnini y otras madres, también lo hicimos.

Me fui del país casi un año después. A Pablo lo secuestraron en 1977, y lo sometieron a torturas atroces. "Era boleta", pero lo salvó la movilización de sus próximos, y una fuerte e inmediata movilización internacional, que ya ha sido descripta. Estuvo "detenido" (secuestrado) en el campo de exterminio llamado "El Atlético". La presión internacional sobre embajadas argentinas y personalidades (Francia, Brasil, España) fue decisiva para salvarlo. Agrego un datito más: el telefonema de David Owen, ministro de Exteriores de Inglaterra (del gobierno Callaghan, laborista, antes de la Thatcher) a su embajada en Buenos Aires, para que interfiriese por Pablo. Por orden (sic) de Betty Hamilton, histórica militante trotskista inglesa (casi 90 años y peluca), que había reclutado a Owen, en 1960, para el Partido Laborista. Lo sé porque estaba allí. El peso que eso pudo haber tenido en la liberación de Pablo, no lo sé. Lionel Jospin, diputado socialista francés, después primer ministro, también se movió en el mismo sentido.

Pablo fue liberado del campo de la muerte en mal estado y se fue al Brasil con su familia (dos hijos ya, Marina y Andrés, este nacido en 1976, en plena dictadura, hoy físico y matemático brillante). Sobre su experiencia de la tortura siempre fue bastante circunspecto. Hablamos, sin embargo, sobre eso. Fue excepcionalmente valiente, como ya consta, lo que no significa la idiotez de que no tuviera, de que no hubiera tenido, miedo. Pensó que se moría a los 27 años, y tuvo miedo. La valentía no consiste en ser un inconsciente, sino en enfrentar el dolor físico y el propio miedo a la muerte, en enfrentar al enemigo y enfrentarse a sí mismo. Pablo enfrentó los dos, y los venció. Llegó a decir "quiero vivir" a sus torturadores, y no se permitió más. La tortura le dejó secuelas físicas por un buen período de tiempo.

Años después, en 2009, como se sabe, declaró en los procesos judiciales abiertos contra sus torturadores, denunciando públicamente no sólo a ellos sino también al conjunto del régimen político y social que engendró la peor monstruosidad de la historia argentina: "El pasado jueves 13, Pablo Rieznik declaró en el juicio contra la cúpula del I Cuerpo de Ejército durante la dictadura. Lo hizo para confirmar la presencia en el campo "El Atlético" de Juan Carlos Higa, militante, periodista y poeta que compartió con Pablo el cautiverio en las mazmorras de los Videla y Cía. Más que una declaración, fue un alegato que puso de relieve no sólo la naturaleza del aquel encuentro pero, por sobre todo, las limitaciones del propio juicio. Pablo estaba convocado como "testigo" del eventual secuestro de Higa que la causa imputa a los capos del Ejército, pero no en su calidad, también él, de secuestrado, como si pudiera dar un testimonio desde la ajenidad. Yo no sólo "vi a Higa, como se afirma en el requerimiento para mi presencia ante este tribunal", señaló Pablo de entrada. "Lo que vengo a testimoniar es el fugaz encuentro de dos compañeros que trataban de alentarse mutuamente, intercambiando sus nombres, la identidad que los desaparecedores no habían podido borrar con su tormentos. Fue un acto de resistencia y, como tal, un símbolo más de la lucha de una generación entera de la época: la que había emergido en las facultades y en los colegios, en los barrios y en los lugares de trabajo, bajo el impulso de un acontecimiento que entonces nos marcó a todos", dijo Rieznik al referirse al levantamiento obrero y popular del Cordobazo de 1969.

"¿Cómo testimoniar mi encuentro con Higa si no es en las condiciones concretas de una historia que lanzó en masa a la juventud a la lucha, a la pelea por la libertad, por la democracia, por una sociedad de hombres y mujeres iguales, sin explotados ni explotadores? Sin esta historia, no tiene sentido el encuentro de esos dos muchachos que buscaron el aliento mutuo en las peores condiciones. Ni él ni yo estábamos allí por casualidad", señaló Rieznik, quien dio cuenta de su lucha anterior en la Tendencia Estudiantil Socialista Revolucionaria, agrupación estudiantil de Política Obrera (la organización del Partido Obrero en la época), de su participación en la dirección de la Federación Universitaria Argentina, de su convocatoria en tal condición al Congreso de la Unión de Estudiantes de Francia (Unef) en 1973. La misma Unef que se movilizó a la Embajada Argentina para reclamar su aparición con vida, no bien supo del secuestro y que contribuyó de esta manera, como planteó Rieznik a los jueces, a que su testimonio fuera posible hoy. Y concluyó: "estoy relatando entonces la historia de un genocidio, el intento de aplastar a una generación entera. Fue la tentativa de liquidar ese proceso de radicalización que explotó en la Córdoba insurgente de fines de los ‘60, una vez que, más tarde, el peronismo en el poder se mostró incapaz de contenerla, sea mediante los métodos de la cooptación, sea con los métodos también de la guerra civil que desató en los años 74 y 75, durante la presidencia de Isabel Perón".

"Me impuse el deber moral de contar este pequeño gran encuentro y de hacerlo como homenaje: 32 años después, tengo la posibilidad de dejarlo asentado en un proceso. Un homenaje a todos los Higa, a todos los compañeros. Que sepan, como quizá lo hayan intuido en los peores momentos, que nuestra generación está también aquí, que quienes eran los reyes de la vida y de la muerte están del otro lado como corderos negando los hechos. Que aquí estamos aún para denunciar que 32 años después no hay prácticamente ningún genocida condenado, mientras los juicios se arrastran penosamente en un territorio que linda con la impunidad, un juicio definitivo sobre nuestro régimen constitucional". Los hijos de Pablo y los compañeros presentes saludamos el final de su testimonio con un aplauso, que motivó que el presidente del tribunal "nos recordara" que "tales expresiones" estaban prohibidas en el recinto y amenazara con desalojar la sala (este tribunal, el TOF N° 5, no sólo impide el ingreso de cámaras, sino también hasta la presencia de símbolos o distintivos de lucha como el pañuelo blanco de Madres).

En Brasil, donde vivió por seis años, Pablo se repuso físicamente y se reintegró rápidamente a la actividad política. Ante la escisión del Corci (Comité de Organización por la Reconstrucción de la IV Internacional) participó de la lucha política brasileña que llevó a la formación de "Causa Operaria" (Organización Cuarta Internacional), que participó desde el inicio en el PT (Partido de los Trabajadores) como corriente revolucionaria diferenciada, hasta ser excluida del mismo en 1990. Viajó al Perú, donde reclutó en Lima a una organización (Comité por el POR) que participó, junto a PO y al POR boliviano, en la creación de la Tendencia Cuarto-Internacionalista (TCI).

En medio de esa lucha política internacional, Pablo redactó un documento político decisivo, si no el más importante, firmado con su histórico nombre de guerra de "Aníbal": la "Respuesta a Just" (Stéphane Just), un extenso texto de 1979 (que debería urgentemente ser reeditado, junto con otros) en el que, además de pulverizar políticamente a la corriente llamada "lambertista", replanteó y desarrolló cuestiones básicas del programa revolucionario internacional a la luz la experiencia histórica de las últimas décadas. El texto, brillante, fue publicado y circuló en Argentina como una de las bases político-ideológicas hacia el futuro Partido Obrero. Lo publicamos también en Paris, lo divulgamos donde pudimos en toda Europa (dudo, lamentablemente, que algún trotskista europeo, divididos entre dogmáticos sectarios obtusos y oportunistas de todo pelaje, siempre en medio a querellas de secta, haya comprendido siquiera una única línea).

En Brasil, Pablo completó sus estudios en economía en la PUC (Universidad Católica de San Pablo), los activistas de los años 70 difícilmente concluían sus carreras en Argentina. Al poco tiempo de recibido, pasó a ser profesor concursado de esa misma institución, durante breve tiempo, hasta su retorno a la Argentina, en 1983. El salario que le permitió mantener (modestamente) a su familia, que fue incrementada en Brasil por un tercer hijo (Martin) provino esencialmente de su empleo como investigador en el Cebrap (Centro Brasileño de Análisis y Planeamiento) donde creó y animó el "Grupo de análisis de la coyuntura económica". Por ese grupo de trabajo pasaron, y aprendieron con Pablo, varias figurasbrasileñas después públicas: Eduardo Modiano (futuro presidente del Banco de Desarrollo del Brasil, BNDES), Antonio Kandir (que dio su nombre a la ley que establece la distribución de uno de los principales impuestos federales entre la Unión y los Estados brasileños), Gesner de Oliveira (durante años presidente del Consejo Administrativo de Defensa Económica - Cade, del Brasil) y otros. Publicó artículos en la Folha de Sao Paulo y en revistas especializadas. Le sobraban talento y formación para hacer carrera como economista, del sector público o privado, pero continuó su carrera militante, e inició una carrera en la docencia e investigación universitaria.

Su modesta casa paulistana en la calle Cardeal Arcoverde, donde fui recibido y me alojé al llegar al Brasil (fines de 1981 - inicios de 1982), que ya abrigaba una familia numerosa, era también local de alojamiento y punto de reunión de los militantes y dirigentes de PO que venían de Argentina y aquellos que se encontraban exilados en Brasil, como Jorge Altamira, Ismael Bermúdez, Pablo Ferrari y otros. Se comía lo que se podía y se dormía donde era posible. Durante la guerra de las Malvinas, Pablo militó en el "Comité de Solidaridad con el Pueblo Argentino", compuesto básicamente por exilados argentinos, que encabezó una fuerte agitación política (contra la agresión angloyanqui y contra la dictadura militar de Galtieri) en la capital paulista, incluyendo solicitadas en los diarios y un acto público en la "Praça da Sé", frente a la catedral.

Escribió en Brasil su primer libro ("Endeudamiento externo y crisis mundial") que fue publicado en la segunda mitad de los años 1980 por el Clacso (Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales), en Buenos Aires. Como su propio título lo indica, el libro se adelantó a su época, y es hasta el presente una referencia sobre el tema. Pablo, capaz de los más grandes esfuerzos intelectuales, físicos y políticos, era también capaz, crónicamente distraído, de complicarse con las cosas más banales del día a día. No lo puedo criticar por eso (una vez olvidé las llaves de mi casa dentro de la heladera de la suya). Recuerdo una ocasión en que una lluvia torrencial derribó parte del techo de su casa, lo que para Pablo planteaba problemas equivalentes a la cuadratura del círculo. Finalmente envió un telegrama a la inmobiliaria a la que alquilaba, exigiendo que resolvieran el problema arreglando el techo. La inmobiliaria respondió positivamente; Pablo, contento y aliviado, como niño con juguete nuevo, mostraba el telegrama (o carta) de la inmobiliaria a todos los que conocía, explicándolo como si fuera equivalente a la victoria griega sobre los persas en las Termópilas. Si alguien le hablaba de sus méritos políticos o literarios, al contrario, se hacía el distraído.
Derribada la dictadura, Pablo volvió a la Argentina, a Buenos Aires, transformándose en un puntal en la construcción del Partido Obrero. Se empleó provisoriamente como bancario y luchó por un puesto de docente en la Universidad de Buenos Aires, hizo varios concursos (fue inclusive reprobado en uno, por una banca presidida por Enrique Tandeter ¡debido a su "currículum poco académico"!), hasta finalmente conseguirlo, venciendo el concurso para Profesor Titular de Economía en la Facultad de Ciencias Sociales de la UBA, en la que enseñó e investigó durante tres décadas.

En la nueva etapa política argentina, Pablo fue nuevamente un militante de vanguardia. Todos recuerdan su intervención en un programa de TV, al inicio de la "democracia" restaurada, en nombre del PO, cuando todos los políticos presentes se dirigían con respeto a Osvaldo Cacciatore - el brigadero-chorro-asesino que gobernó Buenos Aires entre 1976 y 1982 -, candidato a cualquier cosa por el partido del Chancho Alsogaray, mientras Pablo lo denunció como un agente del genocidio militar y lo calificó en su propia cara de "rata de albañal", lo que provocó la retirada voluntaria y silenciosa del ex intendente, con el rabo entre las piernas. Contra los "demócratas" oportunistas y cagones, que sólo querían prenderse de los presupuestos estatales y abrir líneas de negocios, Pablo salvó públicamente la honra de la democracia argentina, lo que ya le valdría una mención en la historia. Sería necesario transcribir y reproducir integralmente su intervención en esa ocasión.

Pablo fue candidato a diputado, a senador (¡proponiendo la extinción del Senado!) y hasta a vicepresidente del país, por el PO. Su popularidad superaba los porcentajes electorales. El partido se lo reconocía: en un congreso nacional del PO, Pablo fue el miembro más votado en la elección del Comité Central, el único con votación unánime, superando por un voto a Jorge Altamira. Como militante sindical clasista, participó de la creación de la gremial docente (AGD-UBA) y de la refundación del sindicato nacional docente universitario (Conadu). Y tuvo tiempo para tener dos hijos más (Julián y Tomás) con su nueva compañera, María. Hacia el final del gobierno de Alfonsín, cuando terminaba mayo de 1989, la hiperinflación destruía la moneda y la vida del pueblo argentino. En el Gran Buenos Aires se producían saqueos a los supermercados. Los banqueros y capitalistas fugaban miles de millones y organizaban conscientemente el caos económico. En lugar de denunciar a los responsables del caos, Alfonsín atacó a la izquierda: "Treinta trotskistas no me van a torcer el brazo". Comenzó entonces una campaña política para responsabilizar al PO por los saqueos. La campaña oficial era un montaje puro para criminalizar a la izquierda revolucionaria. El Partido Obrero venía de realizar una gran campaña electoral, en la que había denunciado la complicidad del gobierno con los vaciadores del país. La repercusión de la campaña del PO fue impresionante. La dirección del PO fue detenida en la Casa Rosada, cuando concurría para interpelar al presidente Alfonsín acerca de la campaña de calumnias de su gobierno a través del Ministerio del Interior. Una vigorosa campaña nacional e internacional los rescató rápidamente de su detención

Al lado de su destacada actividad política en Argentina, Pablo no dejó de ser, tampoco, un militante internacionalista, que ya había militado en Francia (en su primera juventud) y en Brasil. Volvió a realizar intervenciones políticas, conferencias o participaciones en congresos políticos, en Uruguay y Brasil. Representó al PO en el Foro de San Pablo, exigiendo la expulsión del partido burgués boliviano (el MBL) que participaba del Foro y de un gobierno de su país que había decretado el estado de sitio y encarcelado a centenas de dirigentes obreros; una intervención histórica, que también hay que rescatar y republicar, que concluyó en una moción de orden que tuvo el apoyo de diez organizaciones y partidos políticos, incluido el PC paraguayo, el último de los partidos presentes que había salido de la clandestinidad dictatorial.

Participó de las reuniones que condujeron a la fundación de la CRCI (Coordinación por la Refundación de la IV Internacional), y en reuniones de la propia CRCI, representando al PO. En una reunión internacionalista que organizamos en 1998 en Brasil, con la presencia de diversas organizaciones, incluido el movimiento de los campesinos sin tierra (MST), sus ideas y su oratoria (en portugués) llamaron la atención de los dirigentes nacionales del MST que estaban presentes, José Rainha y Gilmar Mauro, al punto que lo llevaron para que hablase cuanto quisiese en una importante ocupación de tierra que se realizaba en una localidad vecina. Pablo explicó la crisis capitalista mundial a los campesinos brasileños que, en ese momento, eran la vanguardia de la lucha de clases continental.

Y continuó escribiendo. Cada vez más. Muchos artículos. Varios de ellos fueron reunidos después en libros, que son recopilaciones. Pero también escribió libros, esto es, textos con aliento y extensión de libros que, en sus líneas generales, ya estaban completos en su cabeza antes de que escribiera la primera línea. Ideas que, por su tamaño o extensión, sólo podían ser expresadas en libros. Estos libros - "Las formas del trabajo en la Historia", "El mundo no empezó en el 4004 antes de Cristo -Marx, Darwin y la ciencia moderna", "Un mundo maravilloso. Capitalismo y socialismo en la escena contemporánea", "La pereza y la celebración de lo humano", "La Revolución Rusa en el siglo XXI", para nombrar los principales - pueden parecer vulgarizaciones, con toda la connotación peyorativa asociada a la palabra "vulgar". Pero no lo son, o mejor, no son sólo eso (la vulgarización de lo bueno es un arte de los más nobles, por otro lado).

Académicamente, acabó por ser respetado, aunque lo suyo nada tenía de una carrera académica convencional. Publicó una revista, Hic Rhodus, que es de lo mejor que se produjo (y produce) en la academia argentina, con un criterio amplio y mano bien firme. Los que le reprocharon su carácter "no académico", académicamente, no le llegaban a los talones. Con un bagaje intelectual que le venía de los tiempos del Nacional Buenos Aires (a cada rato se acordaba de las lecciones de química o física) y de lecturas febriles, poco sistemáticas (así son las lecturas de los militantes, en general) a lo largo de años, Pablo se rehusaba a encerrarse en los límites académicos de la "especialidad". Era marxista, claro, pero completamente abierto, no en el vulgar sentido del término (esto es, inconsistente). "Pablo se sorprendía", como apuntó correctamente Lucas Poy. Y en eso consistía su ortodoxia.

Ya enfermo, continuaba a leer vorazmente, y comentaba todo lo que leía, lo que descubría, queriendo escuchar opiniones. No tiraba la teoría por la borda en nombre de la "novedad", como hacen no pocos académicos en busca de un nicho exclusivo (en general, una pobre imitación), ni quería "adaptar" el marxismo a la manera revisionista (sería mejor decir ignorante): buscaba construir teóricamente a partir del legado de la teoría marxista y de los debates económicos, históricos, antropológicos, filosóficos y científicos -de las ciencias exactas- contemporáneos (sí, todo eso). Sus libros están ahí para probarlo, no es cuestión de discutirlos ahora en el detalle, pero continuarán a ser leídos por años y años. Sin decirlo ni pensarlo, se había propuesto la tarea de un titán.

Sobre su última aparición pública en Brasil, dejo la palabra a Hernán Gurián: "El 9 de octubre de 2013 tuve la oportunidad de participar en un seminario internacional en la Universidad de São Paulo organizado por Osvaldo Coggiola. En la mesa sobre la "crisis internacional del capitalismo" expuso Pablo Rieznik. Allí fui testigo de algo que siempre fue normal para los que conocimos a Pablo en su actividad intelectual y militante, un auditorio totalmente cautivado por sus brillantes y eruditas intervenciones. Los cientos de estudiantes y militantes revolucionarios brasileros que seguían la exposición de Pablo aquella noche, y en un portugués perfecto, parecían hipnotizados bajo el influjo y la impronta de este enorme pensador marxista. Todos comprendieron inmediatamente que se encontraban frente a un fuera de serie y supieron disfrutarlo en aquella gran jornada".

En sus últimos días, ya a sabiendas del fin próximo, continuaba a escribir, privándose del sueño. Leía sobre el cáncer, y buscaba su significado más allá de la destrucción física. Y escribió hasta reflexiones sobre la vida y la muerte, donde no falta la política. Esto también hay que publicarlo. Hay que reunir lo que Pablo escribió que no está en libro, las mejores fotografías, y publicar todo. Pablo vivió intensamente, en épocas revolucionarias y en épocas sombrías, fue hasta el fondo en todo lo que hizo, y esto lo consumió físicamente, provocándole una muerte prematura, cuando todavía le quedaba mucho por decir y hacer. ¿Puedo osar decir que fue esto lo que sucedió con muchos otros de su generación, la generación argentina que más vidas dio por la revolución, en formas de muerte directamente violentas (como las que Pablo vio cara a cara) o "menos violentas"? No para pedir compasión, pero, por favor, sáquense el sombrero, que aquí pasa uno que no vivió al divino botón (sería mejor decir al pedo). Conocí a varios que murieron de infarto poco después de salir del chupadero, cuando "lo peor" ya había pasado. No cuentan, claro, entre los muertos de la dictadura. Y, sobre este asunto, mejor parar por aquí.

Pablo fue militante de vanguardia, en Argentina y en el exterior, fue un tribuno revolucionario de los mejores de nuestra historia, bancó la prisión y la tortura, bancó el exilio, publicó una decena de libros, escribió centenas de artículos, publicó y editó revistas, dio clases por más de treinta años, dio conferencias y participó en congresos académicos y políticos en más de diez países, siempre inquietando o conmoviendo a su público (Pablo hablaba igual en cualquier tipo de congreso, reunión o simposio), investigó y suscitó investigaciones, fue el mejor amigo de sus amigos; como no podía dejar de ser, pasó por crisis matrimoniales semejantes a la guerra de Troya, y tuvo tiempo para criar cinco hijos: para hacer todo lo que hizo, en una vida relativamente corta, harían falta unas diez personas, y no sería lo mismo. ¿Quién, hoy, puede mostrar una hoja de servicios semejante? Nadie. Repito: nadie.

Hasta siempre, querido Pablo, hasta la victoria siempre, Aníbal, que un día, no lejano, la Argentina y el mundo finalmente te merezcan.

Esto no es una nota necrológica. Es la celebración de una vida. De una que, como pocas, quiso ser con todas las otras. Si fuera una nota necrológica, comenzaría convencionalmente por un epígrafe citado de algún poeta (a Pablo no le gustaba mucho la poesía, aunque digería a Antonio Machado y Dylan Thomas). A Pablo, todos los poetas le quedaban chicos. Que se sepa.

SEDUFSM - Historiador diz que saída para a crise passa por projeto anticapitalista

SEDUFSM - Historiador diz que saída para a crise passa por projeto anticapitalista

PABLO RIEZNIK 1° MAYO 1999

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

GRÉCIA: UMA DERROTA POLÍTICA

                                                                                   


Jorge Altamira



A vitória eleitoral do Syriza, no dia 20 de setembro passado, provocou rios de tinta. De um modo geral, as análises oscilam entre a denúncia da 'traição' do Syriza, por um lado, e o prognóstico, pelo outro, de que esta “traição” teria pernas curtas. Isto porque a aplicação do plano de ajuste e austeridade imposto pela Troika é inviável ou porque, inevitavelmente, deverá provocar lutas mais intensas e levantamentos populares. Estes ângulos do balanço deixam de lado a questão principal.

A vitória do Syriza se distingue porque tem sido o resultado de um malabarismo politico poucas vezes visto. Poucas semanas antes o eleitorado havia votado um rotundo NÃO ao pacote de resgate da Troika, e o fez nas condições mais difíceis que se possa imaginar, em meio a um “corralito” bancário e uma sabotagem financeira aberta feitas pelo BCE. Esta circunstância extraordinária demonstrou que a massa majoritária dos votantes era perfeitamente consciente do alcance de seu voto: a ruptura com a eurozona e a inevitabilidade da adoção de medidas anticapitalistas. O que ocorreu posteriormente é fartamente conhecido: Syriza adotou o programa dos credores, perdeu a maioria parlamentar, chamou eleições antecipadas e terminou ganhando com toda comodidade.

A chamada “traição” do Syriza é tão evidente como relativa. Em primeiro lugar, porque nunca ocultou sua posição de apoio incondicional à União Européia e ao sistema euro, e porque se trata de uma organização politicamente democratizante, ou seja, que adota as condições do Estado capitalista. A isto temos que agregar a renúncia em formar um governo independente e estabelecer uma coalizão com a direita clerical e militarista. Seu governo foi um constante recuo diante da pressão do eurogrupo, acompanhado dos pagamentos dos vencimentos da dívida externa, inclusive ao preço de confiscar os saldos líquidos de diversos organismos estatais ou para estatais, e da aceitação em grande parte das privatizações exigidas pela Troika. Finalmente, o próprio plebiscito foi claramente uma manobra de alcance limitado, pois tirava do governo a responsabilidade de rejeitar as propostas do eurogrupo e porque se reduzia a rejeição de uma proposta circunstancial. Foi a intensidade da mobilização popular pelo NÃO o que deu ao plebiscito um caráter excepcional, de nenhuma forma a proposta do Syriza.

Syriza não recolheu somente o apoio eleitoral da massa popular que votou pelo NÃO, após repudiar seus termos, o qual é por si mesmo impressionante. Conseguiu-o, além disso, após atravessar uma forte crise em sua formação política, que foi abandonada por grande parte de seu Comitê Nacional, que passou a formar a Unidade Popular, com o apoio inclusive de correntes externas ao Syriza. Unidade Popular converteu-se no porta-voz do NÃO e do chamado “programa original”do Syriza, votado três vezes: em maio, junho de 2012 e janeiro de 2015. Todas essas credenciais não lhe bastaram para ingressar nem sequer no parlamento, pois obteve uma votação inferior ao 3% exigido por lei. Em poucas semanas, Syriza foi plebiscitado duas vezes: uma vez pelo NÃO e em seguida pelo SIM. As denúncias de “traições”, os prognósticos de fracasso não chegam para explicar o ocorrido e caracterizar a relação de forças presentes.

A travessia política do governo Syriza constitui um caso típico de um governo kerenkista. A burguesia não pode governar por meio de seus partidos tradicionais, nem o proletariado é capaz de derrubar o poder capitalista. Se trata, por certo, de um fenômeno transitório, porém com uma ressalva: sua duração e sua capacidade de ação pode ser prolongada e é relativamente consistente, e pode ser uma ponte ao restabelecimento de uma forma tradicional de governo burguês., não necessariamente uma transição a um governo dos trabalhadores. Este último depende que a classe operária converta-se em revolucionária a partir de sua experiência política. Os resultados eleitorais mostram que a alternativa operária e socialista está longínqua. A vitória do Syriza é, acima de tudo, uma derrota política contundente da vanguarda operária e da esquerda combativa ou revolucionária. Nenhuma recaída na crise social pode, por si mesma, superar esta crise de direção; ao contrário, poderia reforçar uma direitização do kerenkismo ou sua substituição pela direita. No marco da bancarrota capitalista mundial, o que ocorreu na Grécia antecipa os grandes problemas que esta bancarrota coloca para a esquerda revolucionária. A direitização declarada do Podemos, na Espanha, ainda que muito longe da tragédia grega, é outra amostra do destino das convulsões populares que não são interpretadas e conduzidas pela esquerda revolucionária.

Tudo isso leva ao ponto crucial do programa de transição, ou seja da passagem que vai da bancarrota capitalista e a reação popular ao poder dos trabalhadores. O programa de transição deve ser entendido, sobretudo, como um programa de poder, e de nenhum modo como uma coleção de consignas isoladas, frequentemente sindicais. O período que vai desde maio de 2012, quando se produz a grande guinada política das massas, até o plebiscito do NÃO, em julho de 2015, colocou diferentes crises de poder, desde a proposta de um governo de esquerda, no inicio da etapa. O novo governo de colaboração de classes Syriza-Anel atravessará com toda segurança novas crises políticas, alguns meios apontam uma fração chamada “dos 53” como a nova oposição no interior do governo. Os novos cortes sociais do pacote da Troika provocarão novas lutas.


Após as convocatórias das recentes eleições, a esquerda opositora ao Syriza, incluída a própria Unidade Popular, teve que improvisar programas políticos, que não puderam superar, no entanto, o ponto do que fazer frente ao euro e a eurozona. De um lado, Unidade Popular propôs o retorno ao dracma na perspectiva de suscitar uma improvável reativação capitalista, no estilo da América Latina entre 2003 e 2009. De outro lado, os adversários da recuperação capitalista sustentam que na ausência de uma revolução simultânea na Europa, um governo dos trabalhadores deverá restabelecer uma moeda nacional, o tema que mais pesa na consciência popular. Para sair desta etapa de refluxo que provocará a derrota política sofrida pela vanguarda operária, e para preparar as condições para um ascenso político vitorioso, é necessário um programa claro: Uma Tese de Abril para as condições gregas.

                                                              

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

EEK E ANTARSYA UNEM SUAS FORÇAS PARA AS ELEIÇÕES ANTECIPADAS DE 20 DE SETEMBRO NA GRÉCIA

                                                                       


O Partido Revolucionário dos Trabalhadores (EEK - trotskistas) anuncia sua participação nas eleições de 20 de setembro em colaboração com a frente ANTARSYA.

Estas eleições "via rápida" (“fast-track”), que Tsipras convocou depois da indignação que despertou com a adoção do 3° memorando e sua capitulação aos especuladores locais e internacionais, estão sendo levadas a cabo no contexto de uma deterioração da crise mundial, estrutural e sistêmica do capitalismo, com guerras que se estendem desde o leste de Europa (Ucrânia) ao Oriente Médio e África, com centenas de refugiados desesperados afogados no mar Egeu e no Mediterrâneo, em condições de total bancarrota econômica e política e de crise de poder na Grécia, e a vergonha extrema para a última muleta do poder burguês, a esquerda reformista SYRIZA.

Dentro destas condições críticas, o EEK considera necessária a criação de uma frente única de luta de classes com a finalidade de dar uma resposta operária à crise, para atacar aos usuários do capital local e estrangeiro, uma resposta ao enorme desemprego, ao fechamento de fábricas e pequenos comerciantes, ao empobrecimento e desumanização. Nós dizemos: sim, existe uma solução à crise histórica e sistêmica do capitalismo. Uma solução de classe, tirando do poder os partidos do bloco do Memorando, para sair do sistema de crise e decadência com o estabelecimento do poder dos trabalhadores e um programa socialista na economia com a autogestão direta dos próprios trabalhadores, sem patrões nem burocratas.

Necessitamos urgentemente uma frente única de luta com uma base de classe, no lugar da unidade amorfa dos patrões sob as sombras da burguesia, uma frente contra o nacionalismo, o racismo, o fascismo e o imperialismo. Sobre esta base, cremos que a cooperação com os companheiros de ANTARSYA é um passo adiante no desenvolvimento do movimento de emancipação dos trabalhadores.

                               DECLARAÇÃO CONJUNTA DE ANTARSYA - EEK

As delegações de ANTARSYA e EEK reuniram-se e analisaram os acontecimentos políticos e a possibilidade da cooperação política e eleitoral nas eleições de 20 de setembro.

ANTARSYA apresentou um chamado à cooperação política aberta e se chegou a um acordo sobre os pontos programáticos básicos. O terreno comum é que a primeira tarefa da esquerda anticapitalista é contribuir para o desenvolvimento de uma ampla frente social e política de ruptura que impeça que o terceiro memorando se implante; que sirva para romper os velhos memorandos e todas suas leis de aplicação; pela satisfação imediata e "unilateral" dos direitos sócio-econômico-políticos e democráticos da classe operária, os jovens, os desempregados, os pobres, e os pequenos e pobres agricultores.

Se acordou que o colapso de SYRIZA demonstrou às amplas massas que não pode haver outro caminho para a maioria trabalhadora que o conflito e a ruptura com o capital e sua estratégia para superar a crise às custas dos trabalhadores, que se existe uma alternativa à rota capitalista de um só sentido, uma alternativa baseada em medidas como a nacionalização dos bancos e as grandes empresas sem pagamento e sob controle operário e popular; o não reconhecimento da dívida e sua suspensão e seu perdão; a imediata satisfação "unilateral" das demandas e necessidades populares; a ruptura imediata e a saída da Zona do Euro e da UE. Lutamos que a ruptura e saída da Zona Euro/UE que tenha um caráter anticapitalista, internacionalista, anti-imperialista específico, baseado na cooperação das classes trabalhadoras e as massas populares da Europa e seus movimentos em uma moderna direção socialista e comunista.

A ação na aplicação de um programa deste tipo só pode se dar com o povo organizado, dirigido por um movimento operário classista reconstituído em um caminho de demandas e conquistas, que derrote e rompa o poder burguês e o Estado, para que a riqueza e o poder passem para as mãos dos trabalhadores, por uma sociedade sem exploração.

Sobre esta base, ANTARSYA e EEK decidem trabalhar juntos nas próximas eleições de 20 de setembro. Não faz falta dizer que cada força conserva sua autonomia, sob a cooperação político-eleitoral, para projetar seu próprio programa. Além da compreensão pela necessidade do aprofundamento da cooperação das forças anticapitalistas, anti-imperialistas, anti-UE e de orientação subversiva, ANTARSYA e EEK estão de acordo em que a cooperação nas eleições seja um primeiro passo no curso de uma ação política conjunta e de diálogo teórico-político e iniciativas, dentro de nosso compromisso comum para promover a causa da classe operária pela criação de outra esquerda que empurrará até o final as demandas pela liberação social.

                                                                               

terça-feira, 25 de agosto de 2015

FORA SARTORI!!

                                                                  


POR UM GOVERNO DOS TRABALHADORES DA CIDADE E DO CAMPO!!
GREVE GERAL UNIFICADA DOS SERVIDORES ESTADUAIS POR TEMPO INDETERMINADO!!


O governador do Rio Grande do Sul José Ivo Sartori, na eleição de 2014, demonstrou que era mais um bufão de plantão, em uma comédia farsesca, que se transformou em tragédia para os servidores públicos estaduais gaúchos, quando ao ser questionado pelo piso salarial dos professores, respondeu que “piso era nas lojas Tumelero”. O magistério gaúcho está na lanterna no que diz respeito ao vencimento básico, em relação aos demais Estados.

Não durou muito tempo para que esse trocadilho de palavras “engraçadinho” fosse se tornando uma verdadeira piada de mau gosto não somente para o magistério gaúcho, mas para o conjunto dos servidores públicos estaduais.

Seu partido, o PMDB, já em três gestões anteriores, nos governos de Pedro Simon, Antônio Britto (esse, odiado até hoje pelas criancinhas que nem nasceram ainda) e Germano Rigotto, 
transformou o Estado em um verdadeiro balcão de grandes negociatas, levando às últimas consequências o caráter do estado capitalista, de financiador histórico do grande capital nacional e internacional, promovendo durante o governo Britto, no qual foi líder na Assembleia Legislativa, um dos maiores ataques ao conjunto da classe trabalhadora, que foram as privatizações da CRT e de parte da CEEE, respectivamente, telefonia e energia 
elétrica.

Para dar continuidade e ser coerente com o programa do seu partido, o maior partido da burguesia em atuação no país, o PMDB, parcelou os salários dos servidores públicos que ganham até R$ 2.150,00, em agosto, e já anunciou que em setembro serão parcelados os salários acima de R$ 1.000,00 e enviou um pacote de medidas para a Assembleia Legislativa, que visam tão somente atacar as condições de vida dos servidores públicos estaduais, dos aposentados e do conjunto dos trabalhadores, demonstrando claramente que o seu “partido é o Rio Grande dos que se locupletaram a vida inteira às custas da miséria dos trabalhadores”, contendo uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que acaba com a licença-prêmio e vários outros projetos de lei, onde se destaca o PLC (Projeto de Lei Complementar) nº 206/15, que supostamente propõe estabelecer normas de responsabilidade da gestão fiscal com a criação de mecanismos prudenciais de controle das contas públicas do Estado do Rio Grande do Sul.

Na verdade é a velha e famigerada política de responsabilidade fiscal implementada na infame era FHC, que restringe os gastos com a folha de pagamento em 60% da receita corrente líquida do Estado, um mecanismo que já é utilizado pela União, Estados e municípios, como imposição do grande capital nacional e internacional, para arrochar os salários dos servidores.

O ataque de Sartori, seguindo religiosamente a política assassina da famigerada Troika para os trabalhadores gregos, e o conto da austeridade (pra quem?) do governo Dilma e Levy já anunciou a extinção da Fundação Zoobotânica e da Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde (FEPPS), colocando não somente a preservação da vida animal e vegetal, mas também a pesquisa científica vital para a cura terapêutica e a prevenção de doenças que inclusive já foram há muito erradicadas em vários países como a malária, dengue, mal de chagas, e serviços de excelência em H1N1, meningite, HIV, HPV, hepatites virais, etc.

O “gringo que faz” quer fazer os trabalhadores pagarem a conta da crise capitalista, aumentando impostos como o ICMS, o que causará um ainda maior impacto nas tarifas públicas, que já foram nas alturas.

O único caminho é organizar e colocar em marcha a greve geral unificada dos servidores públicos estaduais por tempo indeterminado, até que todas as suas reivindicações mais 
prementes sejam atendidas.

- Pelo pagamento integral dos salários;

- Não à extinção das fundações públicas e não às privatizações, estatização sob controle dos trabalhadores;

- Pelo pagamento imediato do piso nacional ao magistério estadual;

- Não ao desmantelamento do Plano de Carreira do Magistério Estadual;

- Não ao imposto sobre o consumo e sobre os salários;

- Não à previdência complementar, não à privatização do IPE;

- Pelo atendimento de todas as reivindicações do magistério estadual e dos servidores públicos estaduais


- QUE OS CAPITALISTAS PAGUEM A CONTA DA CRISE 

– POR UM GOVERNO DOS TRABALHADORES!

                                                              

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

TODO O APOIO À GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS!

             PELO IMEDIATO ATENDIMENTO DE TODAS AS SUAS REIVINDICAÇÕES!

                                                          
   

A crise política está levando o governo e todas as instituições do regime burguês a um poço sem fundo, turbinada por uma crise econômica sem precedentes. O índice de popularidade do governo Dilma caiu a 7,7%, com tendência cada vez mais decrescente.

O partido derrotado por uma pequena margem de votos no segundo turno de 2014 (PSDB) pôs sobre o tapete o impeachment da presidente, enquanto o principal aliado do PT na coalizão governamental, o PMDB (com as maiores bancadas parlamentares e o maior número de prefeitos) impulsiona a investigação dos numerosos casos de corrupção do governo petista, especialmente o petrolão.

Para neutralizá-lo, Dilma cedeu ao PMDB quase todos os cargos do "segundo escalão" do governo, sem conseguir quase nada e acenou ao presidente do Senado, Renan Calheiros, a incorporação ao seu programa de governo a infame Agenda Brasil, apresentada pelo mesmo, que se aprovada se tornará em pouco tempo em mais um combustível da crise, pois é uma verdadeira “pauta-bomba” contra a classe trabalhadora, o que inclui entre outros pontos nefastos, a aprovação do famigerado e repudiado PL 4330 da terceirização, já aprovado na Câmara Federal, o aumento da idade mínima para aposentadoria, revisão da regularização das terras indígenas, e arrocho salarial para os servidores públicos federais. Sem contar, que partiu do governo Dilma o “aterrorizante” PL 2016/15, que abre o precedente para criminalizar os movimentos sociais com até 30 anos de prisão. Deixando claro que os que gritam "pega ladrão!" são mais ladrões que os denunciados.

Contrariamente ao que afirma a “esquerda” (para defender o governo), não existe uma frente golpista unificada. Sem falar dos ultrapassados minoritários (mas muito ativos) que propõem uma intervenção militar, tanto o PSDB como o PMDB estão divididos até sobre os passos imediatos depois do impeachment da presidente.

Frente às acusações por sua corrupção, o governo levantou uma pontinha do tapete do vizinho, denunciando ao presidente da Câmara (Eduardo Cunha, PMDB) por atos similares. Cunha respondeu declarando sua ruptura com o governo e sua passagem à oposição, o que motivou que o PMDB imediatamente declarasse que se tratava de uma atitude pessoal. Nesse quadro, Obama interveio, dando-lhe uma ajudinha a Dilma em sua visita oficial aos Estados Unidos.

Enquanto o “ilibado” ex-presidente FHC, encorajado pelas manifestações do dia 16/08, que foram menores que as anteriores, passou a defender a renúncia da presidente Dilma, o Financial Times, principal órgão da comunidade dos negócios internacionais, defende a permanência da presidente, com o argumento de que “seria trocada uma mediocridade por outra, simplesmente.”

O governo Dilma-Levy impulsiona o mais brutal ajuste econômico já realizado no país. Os demitidos deste ano já se aproximam de 400 mil, e a cada mês se bate um novo recorde. Os salários dos servidores públicos federais estão congelados. A categoria desenvolve uma greve em campanha salarial nas universidades federais (que já dura três meses), no INSS, MTE e outros órgãos solicitando 27% de aumento linear e as reinvindicações específicas de cada setor, o governo ofereceu um miserável reajuste de 21,3% parcelado em quatro anos. Atacando o direito de greve, mais uma vez, o governo Dilma ordenou o desconto dos dias parados no INSS. Enquanto isso, novas isenções impositivas para o grande capital, anistia fiscal e penal para os que enviaram divisas ao exterior, novos aumentos das taxas de juros (as mais altas do mundo), corte de 70 bilhõesde reais (também recorde histórico) em gastos sociais. As agencias qualificadoras internacionais irão baixar igualmente os pontos de crédito do país, advertindo sobre uma fuga de capitais frente à possibilidade de descumprimento.

O PIB retrocederá (pelo menos) 2% este ano, e as novas projeções já indicam que este retrocesso se estenderá para 2016. A arrecadação fiscal caiu mais de 3%, com perspectiva de baixa. O ajuste, portanto, se está indo para o inferno, nem existe tampouco uma coalizão política sólida para implementá-lo.

A possibilidade objetiva e a urgência de uma 
intervenção e de um programa operário independente para 
que a crise seja paga pelos capitalistas supera de longe o 
caráter defensivo das lutas atuais: somente os servidores 
mantêm uma greve parcial pelo salário, com manifestações 
convocadas para o dia 18/08. A crise galopante do PT é 
uma evidência disso.

Em sua atual configuração política, a esquerda não 
pode jogar um papel político independente. A "frente 
popular" impulsionada pela esquerda petista e movimentista 
reivindica um programa de reativação econômica capitalista 
(que não mobiliza ninguém) e produz manifestos nos que 
pede ao governo que chame ao povo às ruas para 
combater aos golpistas. E o governo segue com o ajuste.  E 
a Frente Popular com seus manifestos virtuais. Os 
manifestos são firmados, entre outros, pela CUT e o MST, 
que não veem nenhum problema em criticar publicamente a 
política do governo (não somente a econômica) e em 
continuar integrados, com centenas de representantes, 
nesse mesmo governo. Reivindicar a ruptura de todas as 
organizações operárias e populares com o governo e o 
Estado é o primeiro ponto de toda luta por uma saída 
operária à crise.

                                                                     

Fora do PT e sua "área de influência", o PSOL, "um 
balaio de gatos", atua de modo desnorteado ao sabor de 
cada uma de suas numerosas tendências internas (o PSOL 
é, na realidade, uma frente de tendências) provisoriamente 
unificado na reivindicação de destituir a Eduardo Cunha da 
presidência da Câmara, um apoio envergonhado ao 
governo na perspectiva de algum êxito eleitoral nas 
eleições municipais de 2016.

O PSTU ignora a crise política sob o ultrarradical 
argumento de que "são todos o mesmo", salpicado por 
alguma frase "contra a direita golpista". Nada propõe sobre 
a ruptura de todas as organizações operárias com o 
governo, pois a Conlutas se encontra em um duelo de 
aparato de "disputa de base" com as centrais majoritárias. 
O argumento eleitoreiro e a política de autoconstrução 
estão deixando o PSTU, único partido de esquerda militante 
no movimento operário, na marginalidade política e eleitoral 
(menos de 0,1% nas duas últimas eleições gerais). A crise 
econômica e política põe todas estas questões na 
incandescência e promove um estado de deliberação 
política operária, juvenil e popular, do que pode emergir um 
reagrupamento revolucionário.


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               TRIBUNA CLASSISTA