terça-feira, 24 de novembro de 2015

UM NOVO CAPÍTULO DA GUERRA IMPERIALISTA

                                                         Equipe de Redação do Jornal Prensa Obrera


                                                         


Depois dos atentados em Paris, as forças francesas (com auxilio norte-americano) empreenderam massivos bombardeios sobre o território sírio com o argumento de destruir ao Estado Islâmico (EI). À ofensiva somou-se Putin, que ordenou às tropas russas que coordenem suas ações com as potências ocidentais. O regime iraniano anunciou suas intenções de juntar-se a esta "frente única".

O imperialismo deu um salto em uma escalada que leva anos de ações militares sobre a Síria, Iraque, Afeganistão, e inclusive no continente africano, aonde a França enviou tropas (Mali).

Para desenvolver esta ofensiva, o governo francês impulsiona uma "unidade nacional" (a que se submeteram setores da esquerda) e um fortalecimento do estado de exceção dentro de seu próprio território. Foi prorrogado por três meses o Estado de emergência que permite prisões e diligências domiciliares sem ordem judicial. Mais ainda, o primeiro ministro francês propõe modificações que outorguem status constitucional aos ataques contra as liberdades democráticas iniciados desde o atentado contra a redação de Charlie Hebdo. Os serviços de inteligência foram reforçados e em maio se aprovou uma lei que lhes outorga amplos poderes de interceptação de comunicações telefônicas e cibernéticas com a mera autorização do primeiro ministro. Também permite que "em casos urgentes, os espiões podem até atuar de imediato e comunicar depois sua ações" (El País, 14/11). O fortalecimento dos serviços de inteligência, que se estende também à Grã-Bretanha, não impediu os recentes atentados e, inclusive, um dos atacantes suicidas estava registrado por eles. Em troca, as medidas de exceção em desenvolvimento na França e outros países do continente europeu apontam a uma arregimentação e divisão dos explorados no quadro da bancarrota capitalista, por um lado, e à necessidade de estabelecer essa arregimentação para resolver a divisão de Oriente Médio, por outro.

Mas, além disso: o governo se propõe ampliar as atribuições do aparato policial no uso de armas de fogo (gatilho fácil?) e inclusive o presidente Manuel Valls declarou que "temos que expulsar aos que mantém discursos insuportáveis contra a República" (idem, 17/11) Está sendo copiada a cartilha de Marine Le Pen de dissolver as mesquitas ‘radicais'. Sobre bairros empobrecidos de maioria muçulmana, como Molenbeek na Bélgica (acusado como semeador de ‘jihadistas'), desatou-se uma caçada. O sionismo está dando sua contribuição, identificando a ação fascista do EI com a resistência palestina contra a ocupação.

Por último, procura-se endurecer a política aos refugiados: Turquia, a ponte principal de acesso à Europa Ocidental por parte dos refugiados sírios, foi exortada - em troca de algumas concessões- a deter a maré de refugiados até a costa grega. A beligerância estatal contra os refugiados é previa aos atentados, como o provam os muros na Europa do Leste e o estado de abandono a que o Estado francês submete aos migrantes em Calais.

Como foi afirmado em um artigo do New York Times, os ataques de Paris obrigaram a repensar o problema de um incremento das operações militares dos Estados Unidos e do Ocidente na Síria e no Iraque. Os limites da política de bombardeios levantam a questão de uma operação terrestre, ainda que exista um temor fundado que um passo destas características conduza a seus promotores a um pântano superior ao atual.

A “mega coalizão” contra o EI deve superar múltiplas contradições: o propósito de cortar suas fontes de financiamento choca com o fato de que a própria anfitriã do encontro do G20, Turquia, assim como Arábia Saudita e outras monarquias do Golfo em conflito com o Irã, estão comprometidas em dito financiamento (Putin denunciou o financiamento ao EI por parte de 40 países!); a recorrente intenção de uma transição política na Síria, debatida na Cúpula de Viena, requer uma resolução prévia de divergências sobre o “roteiro”, principalmente o papel que ocupariam nela Al Assad e suas forças armadas.

Os Estados Unidos e a Rússia desenvolveram um compromisso precário contra o Estado Islâmico, devido aos seus interesses divergentes.

O terror fascista do EI e a intervenção imperialista (e russa) estão em um mesmo campo contra os explorados do Oriente Médio. É necessária una ação internacional dos trabalhadores contra o terror fascista do EI e contra a escalada belicista do imperialismo no Oriente Médio.