quarta-feira, 7 de setembro de 2016

FORA TEMER! ORGANIZAR A GREVE GERAL!

                                                                                               


É impossível analisar a crise econômica e política no Brasil sem caracterizar que o grande pano de fundo em que é projetado o filme da história mais recente do país é o da crise mundial do capitalismo que abala fortemente todo o planeta e particularmente nosso continente no último período.

Com a conclusão do processo de impeachment no Senado, o golpe parlamentar chega ao seu último e derradeiro capítulo. O PT, que durante 13 anos governou o país numa frente de colaboração de classes com uma parcela significativa da burguesia nativa, uma frente popular, foi derrubado por essa mesma burguesia (organizada dentro do PMDB, PSD e seus partidos acólitos), e que agora se rearticulou junto com a oposição burguesa (PSDB, DEM e partidos menores) para colocar um fim em um governo que tentou de todas as maneiras superar suas contradições internas e realizar uma política que sempre colocou em primeiro lugar os lucros das grandes empresas, dos grandes bancos e das grandes corporações em detrimento das necessidades básicas da população. Não podemos agora passar a mão na cabeça e ignorar que durante todo o tempo que governaram, criaram paulatinamente as condições para o estado de colapso no qual chegamos. Não é a toa que todos os ajustes e reformas que o governo golpista de Michel Temer discute e deseja implementar, tiveram início, em germe, dentro do governo do PT. 

A impossibilidade e incapacidade do PT realizar esses mesmos ajustes, favoráveis ao grande capital, pela franca oposição de sua base política, levou à queda do ministro Joaquim Levy, e depois acabou acentuando a tendência golpista dentro e fora do governo, afinal Temer e o PMDB que hoje são a expressão dos golpistas traidores, foram, até bem pouco tempo atrás, os cumplices e aliados principais do PT, e se o Congresso é considerado um dos mais reacionários da história, boa parte de seus deputados foram eleitos em alianças com esse mesmo PT, com o seu aval e utilizando o seu capital político, como é o caso do famigerado Eduardo Cunha, antigo aliado do PT, que se transformou em seu “grande inimigo”.

Com a conclusão do processo de impeachment, a burguesia unificou suas forças para tomar o poder através de uma manobra, um golpe parlamentar, que não visa de forma alguma liquidar ou diminuir a corrupção (característica histórica da burguesia em seu parasitismo estatal), ou substituir um governo que não geriu de forma “eficiente” a máquina do Estado, longe disso, o golpe visa garantir a continuidade da corrupção como “modus operandi” da burguesia e da política burguesa e o aprofundamento dos ajustes e reformas (trabalhista, previdenciária, aumento de impostos, etc), fazendo com que o ônus da crise recaia única e exclusivamente sobre as costas da classe trabalhadora, e da maioria esmagadora da população, aprofundando assim a recessão e a consequente depressão econômica, aumentando o desemprego e a desindustrialização do país. O Estado será cada vez mais desmantelado (cortes nas áreas sociais, de saúde, educação, etc), o que levará, seguramente a um colapso de todo o sistema (o que já podemos ver antecipadamente em alguns estados como o RJ e RGS em que não se consegue nem mais fazer o efetivo pagamento de salários do funcionalismo público em dia, quanto mais os demais pagamentos necessários para o funcionamento do Estado).

As manifestações de 2013 abriram uma luta política contra um regime opressor que deixava grande parte da população à margem da sociedade para garantir os grandes lucros da burguesia, essa mesma burguesia, açoitada pela crise mundial, também entrou em campo para garantir um governo que lhe pudesse garantir esses mesmos lucros, mas com a execução de um programa que lhe trouxesse ainda mais privilégios, diante de uma crise sem precedentes que atingia diretamente todas as classes sociais. Assim, 2013 abriu uma pugna pelo poder, no qual a burguesia conseguiu, após longas disputas e manobras, concluir seu golpe para tentar reestruturar o poder do Estado, o impeachment finaliza o golpe e a batalha pelo poder do Estado, mas apenas inicia mais um capitulo, mais profundo e visceral, na guerra da luta de classes.

Com o golpe concluído, finda em meio de um grande setor das massas que se opunha ao governo, mas que não apoiava o golpe, a contradição de que o Fora Temer significa-se ao mesmo tempo um Volta Dilma, o caráter do Fora Temer tem agora uma projeção e um eco que antes não era visto, e nem fora previsto, separando nitidamente os que estão a favor do governo e do regime político e os que estão contra.

O PT, PCdoB e seus satélites mostraram sua capitulação diante do golpe, acovardaram-se e estrangularam as organizações de massa que controlam para não haver uma luta massiva contra o golpe. Seu receio é de que as massas tenham uma intervenção independente diante da atual crise.

A classe média de direita que saiu às ruas para ser o porta-voz da burguesia e de sua imprensa golpista agora deixa de ser franco-atirador, transforma-se, junto de seu governo, numa enorme e frágil vidraça.

É hora de iniciarmos uma ampla organização das massas, preparar e organizar uma greve geral para lutar contra o regime político e contra o ajuste, fazer um chamado para se organizar um congresso da classe trabalhadora, para dar um norte e um programa a essa luta e aprofundar e nacionalizar o Fora Temer por todo o Brasil, como expressão da luta dos setores explorados e da maioria da população, para que a derrubada desse governo se expresse na luta por governo dos explorados, dos trabalhadores e das trabalhadoras da cidade e do campo e pelo socialismo.

                                                                                         
                    



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