quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Lula é vítima de sua própria política

JORGE ALTAMIRA - Dirigente do Partido Obrero da Argentina






Depois de ter comandado um governo a serviço das construtoras de obras públicas, como a Odebrecht, e do ruralismo sojeiro (agronegócio) e os grandes bancos, não somente no Brasil, um tribunal de apelação ratificou a condenação de primeira instância que envolve ao ex-presidente Lula na operação Lava Jato, a rede de propinas organizada precisamente pela Odebrecht, e ditou uma prisão de doze anos, que também o priva de seus direitos políticos.

A lei que proíbe a um processado com condenação o exercício de seus direitos políticos, “Ficha Limpa”, é do próprio Lula e do PT.

A velocidade do processo judicial colocado em marcha contra Lula, em contraste com as delações e "acordos de leniências" que beneficiam a coalizão atual de governo, incluído o presidente "de fato", Michel Temer, denunciam uma intencionalidade política. O objetivo é apartar da disputa eleitoral prevista para outubro deste ano. À mesma finalidade responde a despreocupação dos juízes pela debilidade das provas apresentadas. É uma sentença ditada pela "convicção" mais que pela evidência.

A burguesia que apoiou Lula ao longo de oito anos na presidência do país, o impugna para a etapa atual. Uma absolvição de Lula, por outro lado, teria posto em crise todo o arcabouço da operação judicial Lava Jato. Esta operação foi impulsionada e inclusive promovida pelo Departamento de Justiça norteamericano com o propósito de quebrar a hegemonia dos chamados ‘campeões nacionais’ da burguesia brasileira. Entre estes "campeões" figuravam, precisamente, as construtoras brasileiras e o monopólio de seus negócios com as empresas estatais, em especial a Petrobras. A primeira medida do Congresso, depois da destituição de Dilma Rousseff, foi terminar com o monopólio de exploração da Petrobras e o rol de empresas em sua volta.

O Poder Judicial do Brasil apressa-se em incluir a Lula no sistema de corrupção da Lava Jato para nivelar o campo judicial com os numerosos acusados do sistema político brasileiro - alguns em prisão provisória e outros condenados (ainda que com prisão domiciliar). O propósito deste enxugamento judicial é habilitar uma operação de anistia geral, que já se encontra corporizada em vários projetos de leis no Congresso.

Enquanto reivindica sua inocência penal, Lula e o PT empenham-se, ao mesmo tempo, em desmobilizar os trabalhadores contra as reformas previdenciária e trabalhista, para obter, como contrapartida, uma anistia política. É o que o PT negocia no âmbito do Congresso.

Assistimos a uma dissimulação judicial, saudada pela mídia internacional como "mani pulite", que consiste em liberar a um sistema político irreversivelmente corrupto e um visto de legalidade à próxima fraude eleitoral. A operação Lava Jato é a expressão de uma disputa entre os capitais mais importantes para apoderarem-se do mercado energético brasileiro – e de nenhum modo um propósito de outorgar transparência e honestidade à administração pública. A proscrição política de Lula demonstra a incapacidade dos partidos patronais do Brasil para oferecer uma saída política popular e democrática. A proscrição judicial de Lula acentuará a crise política de conjunto do estado brasileiro.

A impugnação jurídica e política desta sentença contra Lula, que foi, repetimos, agente do comércio presidencial da Odebrecht, implica seu direito a participar do processo eleitoral a igual título que o conjunto dos candidatos e partidos corruptos da burguesia brasileira, que estiveram associados a seu governo e inclusive daqueles que fingiam brincar de oposição.

Em oposição a todos eles e à política anti-operária que têm aplicado e seguem aplicando, é necessário construir um partido revolucionário da classe operária, que lute por um governo de trabalhadores.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Vitória da classe operária na Argentina: César Arakaki e Dimas Ponce foram libertados


Pela extinção do processo contra os militantes do Partido Obrero

Os militantes do Partido Obrero da Argentina, Cesar Arakaki e Dimas Ponce, foram libertados, nos marcos de uma ampla campanha popular depois que cinco instâncias anteriores votaram contra a libertação dos companheiros.
Em nota, o Partido Obrero considera sem dúvida,  que estamos diante de uma tremenda conquista popular, embora o processamento e os termos em que o juiz proferiu em relação à mobilização do dia 18 de dezembro impliquem em um grave ataque às manifestações populares e ao direito aos protestos sociais, que avança em uma linha de criminalização promovida pelo governo.
O juiz baseou-se na sentença naquilo que o Partido Obrero já havia argumentado, a saber: na mais completa inexistência de provas que justificassem a penalização e o encarceramento dos companheiros pelas acusações da causa. Isso, depois que Cesar Arakaki tivesse permanecido injustamente 26 dias na prisão e Dimas Ponce, 15 dias.
O processamento dos companheiros caracteriza-se por uma arbitrariedade completa: depois de esclarecido que não havia prova nenhuma contra eles, estão sendo processados por terem tão somente participado da mobilização.
De uma maneira muito perigosa é lançada uma condenação geral à mobilização como tal e, em consequência, às organizações políticas, sociais e sindicatos que participaram dela. A ação coletiva e coordenada à que se refere o juiz, não é outra coisa que o direito dos trabalhadores a organizarem-se em sindicatos, partidos políticos, centros de estudantes, etc.
Contraditoriamente com a avaliação criminal que o juiz faz de uma mobilização de 300.000 pessoas, não sustenta o mesmo em relação à ação dos polícias processados. Não é considerada a existência de nenhum plano repressivo, quando efetivamente são as forças de segurança que utilizam a violência organizada, sob os delineamentos e as ordens de suas máximas autoridades e do poder político. O juiz absolve ao estado e ao aparato de repressão e somente processa a dois polícias por supostos “excessos”. Aos companheiros, em troca, são processados por participarem de uma suposta ação coordenada, que não foi outra coisa que a de expressar e defenderem o direito de permanecerem se manifestando apesar da brutal repressão.
Finalmente, o juiz exorta o governo nacional a valer-se de um protocolo repressivo para que desde o estado sejas normatizadas as manifestações sociais, cerceando com isso o direito mais importante da democracia política: o direito a reivindicar frente ao estado, responsável último das necessidades sociais mais sentidas e da imposição de políticas negativas e contra a vontade do povo, como a reforma previdenciária. Dar-lhe ao estado maiores ferramentas para regrar as manifestações que a ele
se dirigem é anular o próprio e democrático direito à manifestação. O juiz reforça com essa decisão a orientação de responder com o aparato repressivo às reivindicações sociais.
O alcance do processo e as conclusões do juiz caracterizam-se como uma aberração para o conjunto do movimento popular. Do Brasil, os militantes e simpatizantes do TRIBUNA CLASSISTA queremos saudar a libertação dos companheiros, bem como solicitamos o desprocessamento imediato de Cesar Arakaki e Dimas Ponce, o encerramento do processo, a investigação da ação de todos os polícias e da força policial, e as ordens ditadas pelo poder político, a liberdade dos manifestantes do dia 14 de dezembro e o fim da criminalização das manifestações sociais.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

“SEM LULA É FRAUDE”

(por Jorge Altamira, dirigente do Partido Obrero da Argentina)

Existe uma expectativa generalizada, não apenas no Brasil, sobre o julgamento que ocorrerá na quarta-feira (24) e que pode ratificar a condenação de Lula, ex-presidente da república e comandante do PT, por corrupção passiva. A condenação em primeira instância ditada por Sérgio Moro, juiz que ganhou fama com a Operação Lava Jato, afirma que Lula é culpado de se beneficiar de propina da Odebrecht ao receber um apartamento Triplex na cidade de Guarujá, no litoral paulista.

Lula denunciou os acusadores por não terem apresentado quaisquer provas materiais e negou que seja o dono do Triplex. Se a sentença se confirmar, Lula perderá o direito de se candidatar à presidência da república nas eleições de outubro por conta da Lei da Ficha Limpa, um procedimento semelhante ao utilizado na Venezuela para impedir a candidatura de opositores ao chavismo.

Após a condenação, que pode ou não ser unânime, se abrem para Lula diversas alternativas de apelação, que serviriam para dilatar a efetivação do impedimento de participar das eleições. Entre as opções especificamente políticas, já se fala, dentro do PT, de nomes para substituir sua candidatura sem que isso exclua a participação de Lula na campanha eleitoral. O PT caracteriza a tentativa de anular a candidatura de Lula como uma nova instância do golpe institucional que derrubou a presidenta Dilma Rousseff.

Estado de Direito

A propriedade do Triplex do Guarujá é apenas um dos delitos pelo qual Lula será julgado nos próximos anos, mas as demais acusações ainda tramitam em instâncias menores e não poderiam afetar a sua candidatura à presidência. Na Argentina, vários setores contrários ao kirchnerismo discutiram aplicar o mesmo método para impedir Cristina Kirchner de participar da recente eleição parlamentar. O macrismo, no fim das contas, preferiu um procedimento mais “barato” politicamente, que foi o de ganhar a eleição na Província de Buenos Aires.

Assim como o impeachment de Dilma foi fundamentado em uma ação “soberana” do Congresso brasileiro, o impedimento de Lula concorrer nas eleições se apoia na aplicação do “Estado de Direito”. As abstrações jurídicas são utilizadas para alcançar objetivos políticos que sequer são escondidos, já que Lula atrapalharia as reformas econômicas que tanto quer o capital financeiro. É precisamente essa mesma necessidade política, de manter as reformas, que é utilizada para manter Michel Temer no poder, mesmo depois de sucessivas denúncias de corrupção – em valores consideravelmente maiores que os do Triplex do Guarujá.

Ao mesmo tempo, foram estabelecidas novas normativas e leis para salvar patrimonialmente a Odebrecht, acusada de corrupção em quinze países. O presidente da construtora acaba de receber o benefício da prisão domiciliar, apesar de sua juventude, e uma diminuição extraordinária do tempo de prisão. O governo de Maurício Macri já rejeitou uma oferta de delação premiada oferecida pela Odebrecht para evitar que sejam presos muitos de seus amigos.

Mão Limpas

Os vícios políticos no Brasil não estão somente na candidatura de Lula, mas no conjunto do sistema político, na burocracia do Estado, nos partidos e nos políticos, seja de forma passiva ou ativa, como carrascos ou cúmplices. Inclusive no caso da esquerda agrupada no PSOL há organizações que aceitaram “doações” (legais) de grandes grupos econômicos, como a siderúrgica Gerdau e a indústria armamentista Taurus. Como se cantava na Argentina em 2001, é necessário que saiam todos. A direita fascista brasileira e seu candidato Bolsonaro, por sua vez, é uma frente de sojeiros e evangélicos, que se financia com fraudes à Receita, contrabando, etc.

O que dá uma coesão transitória a essa máfia que abarca a totalidade da política brasileira é um plano econômico de privatização generalizada, em especial de setores de energia e petróleo, além do desmantelamento dos serviços públicos e, sobretudo, uma política de destruição do direito trabalhista brasileiro.

O PT e Lula ocupam um lugar singular nessa trama. Provas existindo ou não, Lula foi um grande agente da Odebrecht. A estrutura da Unasul esteve a serviço das quatro maiores empreiteiras do Brasil, e de empresas ligadas às Forças Armadas. No momento de ápice do governo Lula a penetração da Odebrecht na América Latina alcançou seu ponto mais alto – na maior parte dos casos vinculada aos governos bolivarianos de Bolívia e Venezuela e ao kirchnerismo na Argentina, e inclusive em Cuba.

As maiores negociatas foram, seguramente, vinculadas à Petrobras. Os donos de ações da empresa na Bolsa de Nova York acabaram de ganhar um julgamento para serem ressarcidos pelos dividendos não pagos por conta dos milhões de dólares desviados pela corrupção durante os governos petistas. Dilma era a ministra de Minas e Energia durante esse período. A necessidade do PT de obter maioria no Congresso levou, ainda, ao Mensalão, que levou à prisão o presidente do partido, José Dirceu, e à condenação importantes ministros petistas, como o “ex-trotskista” Antônio Palocci.

Um partido em decomposição

Lula chegou à presidência após assinar um acordo com o FMI. Posteriormente, escolheu o atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (Bank of Boston), como presidente do Banco Central, e aceitou a política econômica de W. Rhodes, então presidente do Citibank. Durante a campanha, se aproximou dos latifundiários e chegou a nomear ruralistas para o Ministério da Agricultura. Às vésperas de sua vitória eleitoral, em outubro de 2002, publicou a Carta ao Povo Brasileiro, na qual prometeu não modificar a política econômica. Agora anuncia, novamente, uma Carta, na qual não repetirá as mesmas palavras, mas sim os compromissos de realizar a “reforma econômica” em curso, ou seja, de defender o “Estado de Direito” das consumadas privatizações.

A burguesia brasileira entende que corre um risco político importante se impede a candidatura de Lula. Preferiria o método mais “barato” usado por Macri. De início, já parece ter decidido impedir a prisão de Lula. Para enfrentar os debates políticos, a burguesia busca a construção de uma grande frente política, com um candidato adequado cujo nome ainda não se vislumbra, com o apoio furioso e incondicional dos meios de comunicação. Foi o que aconteceu em 1989, quando surgiu do nada o governador de Alagoas, Fernando Collor, que acabou eleito presidente. A possibilidade de adiar a decisão da Justiça sobre Lula, usando apelações, se acomoda ao tempo necessário para a burguesia encontrar a formação de sua candidatura aglutinadora contra o PT. Se essa candidatura não aparecer, a tática de impedir a candidatura de Lula pode ser uma “carta na manga” para a burguesia.

Com Lula também é fraude

No quadro político atual do Brasil tolerar, ativa ou passivamente, o impedimento de Lula candidatar-se é estar ao serviço da política extrema do regime – anti-operário, pró-imperialista e delinquente. À esquerda do Brasil e os lutadores do movimento operário cabe o desafio de derrotar Lula e PT politicamente, na luta de classes, na luta programática e na luta eleitoral. Denunciando sua corrupção e sua condição de apêndice dos exploradores capitalistas. O Estado de Direito de um sistema corrupto e selvagem deve ser denunciado como uma farsa e uma marionete dos interesses capitalistas. Com Lula ou sem Lula, o sistema político é uma fraude.

A denúncia dos objetivos reacionários do impedimento da candidatura deve se desenvolver de forma independente à direção corrupta e entreguista do PT. Não serve, aqui, a Frente Única com o PT. Seria o mesmo que aceitar a saída política que oferece essa direção, que é a de colaboração política com os mesmos que querem impedir Lula de se candidatar. É necessário denunciar claramente que a direção do PT e da CUT são cúmplices do Golpe contra seu governo, Golpe que nunca foi enfrentado com uma Greve Geral. PT e CUT agiram para não quebrar os laços com os seus carrascos. Os lutadores somente poderão desenvolver uma direção política revolucionária se estiverem totalmente separados do corpo em decomposição que virou o PT – com uma saída própria, operária e socialista.



domingo, 21 de janeiro de 2018

Campanha pela liberdade de César Arakaki e Dimas Ponce






A punição judicial contra nossos companheiros é uma armação que tem como objetivo criminalizar os protestos sociais, amedrontar os manifestantes e regimentar um setor do movimento popular. Neste sentido, eles são presos políticos de um regime que tenta evitar que frente às futuras reformas anti-operárias retorne o cenário de rebelião popular que nos dias 14 e 18/12 se colocaram em pé contra a aprovação da reforma da previdência. Os demais presos no dia 14 de dezembro se encontram na mesma situação.
A mobilização do dia 11/01 em Buenos Aires foi um ponto importante pela liberação dos companheiros. Mais de 20.000 pessoas marcharam pelas ruas do centro da cidade reunindo um amplo leque de correntes políticas alcançando, inclusive, repercussão internacional.
Buscamos o apoio de toda a comunidade internacional que luta pelas liberdades democráticas. Chamamos aos partidos de esquerda, personalidades e agrupações sindicais, centros estudantis e movimentos sociais que enviem comunicados, realizem marchas frente aos consulados da Argentina, tirem fotos e publiquem nas redes sociais, enfim, convocamos a realizar toda uma série de atividades com o propósito de alcançar uma comoção mundial que obrigue ao governo de Macri a liberar os presos políticos e retroceder na sua política repressiva.

Partido Obrero (Argentina)
Tribuna Classista (Brasil)


Companheiros

Enviem mensagens pedindo a liberdade de César Arakaki e Dimas Ponce ao juizado do juiz Torres! Por favor, mandem cópias no envio para presospoliticoslibertadya@gmail.com

Juizado Criminal e Correcional Federal Nro. 12 - Juiz Dr. Torres, Sérgio Gabriel
Comodoro Py 2002 4º piso - C.P.:C1104BEN CABA
Teléfono (11) 4032-7190 jncrimcorrfed12@pjn.gov.ar

SECRETARIA 23 Secretário Dr. Yadarola, Pablo - Juiz de 1ra. Instância
Av. De Los Inmigrantes 1950 2° piso C.P.:C1104ADO CABA Teléfono: (11) 4130-6452

domingo, 7 de janeiro de 2018

A REBELIÃO NO IRÃ



 Jorge Altamira, da direção nacional do Partido Obrero da Argentina e da Coordenação para a Refundação da Quarta Internacional (CRQI)



Embora tenha surpreendido, inclusive a maioria dos observadores, os levantes populares no Irã, nesta última semana, estavam potencialmente previstos na crise do regime político que tem se desenvolvido em quase duas décadas. A orientação nacionalista do regime dos aiatolás, e seus choques contra o imperialismo, ocasionaram numa política de autarquia econômica que esgotou rapidamente suas possibilidades e provocou um freio no desenvolvimento das forças produtivas.
O desemprego e a inflação assumiram níveis cada vez maior, e inclusive com consequências catastróficas para a massa mais pobre da população. A saída do “populismo” e a liberalização econômica se tornaram a pedra de toque entre a maior parte da burguesia e o aparelho estatal controlado pelas camarilhas clericais e o aparelho militar (a guarda revolucionária). Esta crise deu lugar a levantes populares em 2009, e a mudanças políticas sucessivas, que outorgaram a vitória formal ao grupo ‘renovador’ ou aos ‘liberais’. Em 2009, a agenda dos levantes foi ocupada por uma agenda política com forte componente laico - incompatível, em última instância, com o regime teocrático. No Irã, um conselho de aiatolás designa a maioria dos cargos parlamentares, e dirige as forças armadas e de segurança, ou seja, que o país funciona como uma autocracia com enfeites constitucionais, e paga, em consequência, quase todo o custo da manutenção da casta parasitária. A vitória eleitoral dos liberais em duas ocasiões não  deu lugar, no entanto, a nenhuma modificação do regime - tampouco com o atual presidente, Rouhani, reeleito em maio passado com 57% dos votos.

A crise internacional
A saída “liberal” à inflação e à estagnação “populista” implicou, como no mundo todo, uma política de “ajuste” e de “realismo econômico” (tarifaços e pagamento de subsídios ao consumo), o que agravou a miséria popular. A expectativa de obter financiamento e investimentos internacionais ficou frustrada, apesar de que esta foi a grande contrapartida que prometeram os EUA, a UE, Rússia e China, a renúncia, por parte do Irã, a prosseguir com seu desenvolvimento nuclear. O Irã necessita US$ 1 bilhão para manter seu nível de produção atual. As sanções econômicas contra o Irã foram bastante escamoteadas; Trump tem adotado novas sanções, em violação ao acordo, e inclusive ameaçando com penalidades à petroleira francesa. Satisfeitos pelos convênios assinados com o Irã, a Arábia Saudita e os Emirados do Golfo, por outro lado, tem desatado um ataque violento contra o Qatar, pelos investimentos que este Emirado compartilha com o Irã na jazida de gás mais importante do planeta, e estão desenvolvendo um plano de guerra em acordo com o Israel e os EUA, para destruir a influência do Irã no Iêmen e no Líbano. O novo hierarca saudita chegou a sequestrar ao primeiro ministro libanês para impor um despejo do Hezbollah do governo do Líbano. Trump não tem retribuído ao Irã o papel que tem desempenhado na derrota do Estado Islâmico no Iraque, e agora o desarmamento parcial das milícias xiitas iraquianos; tampouco a “pacificação” da Síria, que permitiu tirar do atoleiro a intervenção militar norte-americana. Os acontecimentos iranianos levantaram não só uma crise política extraordinária, mas também uma crise política internacional.
A faísca que ascendeu o rastilho de pólvora foi o aumento das tarifas dos serviços públicos e do preço dos ovos, e a negligência perante os desastres sociais produzidos pelos vários terremotos. Subiu a tarifa da gasolina, que se converterá em maior carestia. Também está produzindo demissões por fechamentos de empresas, e bloqueios de estradas e ocupações de empresas. Faliram, além disso, vários bancos e “entidades” financeiras não reguladas, e que se encontram em poder de setores do próprio aparelho estatal. Houve uma confiscação de depósitos e poupanças. Anuncia-se no plano econômico um começo de colapso com consequências que não se podem prever. O movimento de protesto não reconhece uma liderança operária, mas ainda não se pronunciaram os trabalhadores petroleiros.

Reivindicações
A explosão começou em Mashhad, o feudo do opositor ‘populista” de Rouhani, que incentivou os primeiros passos da revolta, mas rapidamente perdeu o controle desta. O fogo se alastrou no resto do país. Esta rebelião se diferencia dos levantes de 2009, em aspectos importantes: sua base é a população mais pobre, não a classe média; as reivindicações econômicas ocupam um lugar maior; constituem um ataque ao regime, incluindo até o governo "liberal" da “reforma permanente”; carece de uma direção política estabelecida com anterioridade. Rouhani pretendeu, num começo, canalizar o movimento com promessas de “correções”. A cúpula clerical ordenou uma repressão limitada às forças de segurança. Os “reformistas” e os “conservadores” ou “populistas” fecharam fileiras, com a consciência de que qualquer ruptura, nesta etapa, daria um sinal à revolução. As massas em rebelião têm passado da afronta econômica à reivindicação política, com palavras de ordem contra o regime no seu conjunto. Responsabilizam ao conselho de aiatolás e seu aparelho militar por monopolizar a riqueza nacional às custas do povo. Deste modo, o setor “confessional” da população se tornou no vetor da luta pela república - não islâmica, portanto, laica. Isto está ocorrendo no país mais politizado do Oriente Médio, com uma importante tradição revolucionária (1953, contra o golpe da CIA; 1979, a revolução que derrotou a monarquia).
Dada a experiência recolhida desse esmagamento das revoluções árabes de 2011, alguns olham nisso tudo a mão do imperialismo. Após o apoio de Trump, Netannyahu e o saudita Bin Salam, consideram-na um complô longamente preparado. Mas, como o explica um especialista para nada suspeito de simpatias pelo regime, “os iranianos tem apoiado a intervenção do seu país na Síria e no Iraque. Após a tomada de Mosul, o Estado Islâmico havia ameaçado em invadir Mashhad”, o berço da rebelião em curso. As palavras de ordem contra o aparelho militar obedecem à corrupção, não a uma oposição à política internacional (Le Monde, 3.1.18). O "apoio" dos Trump e seus sequazes reforçam o sentimento de independência nacional, e constituem essencialmente uma provocação política contra a rebelião, inclusive contra os governos da EU, que tem se limitado a exigir ao governo iraniano “a defesa dos direitos humanos”.
A questão da direção política desta rebelião será resolvida com o desenvolvimento dos acontecimentos. O prognóstico a respeito só pode ser condicional; o apoio em forma incondicional das ações pelas reivindicações populares e o repúdio e rejeição da repressão, não devem se confundir com o apoio a uma direção política que não conhecemos. O regime deverá operar uma virada de política econômica, para não cair num impasse mortal. A possibilidade, no entanto, de que o aparelho clerical procure utilizar a repressão para liquidar diferenças com o “reformismo”, ou seja, produzir um golpe de estado. Haverá um novo desenvolvimento da crise internacional, dado que os acontecimentos iranianos são atribuídos à ruptura, por parte de Trump, do bloco que negociou o acordo político-econômico-nuclear com o atual governo iraniano.
Fica claro que se abre, no Irã e em todo Oriente Médio, uma nova etapa política, que haverá de remanejar todas as questões que não puderam ser resolvidas pelo esmagamento das revoluções árabes.


quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Roberto “Barba” Álvarez: “Violencia es no llegar a fin de mes”

Por Laura Gómez laprimerapiedra.com.ar

 

Jubilado y militante del Partido Obrero que perdió un ojo en la represión. Entrevista.
Entrevista de Laura Gómez, publicada en laprimerapiedra.com.ar, 28 diciembre de 2017.

En la represión del lunes 18 de diciembre en Congreso, cuando la Policía se quedó sin balas de goma comenzó a atacar a los manifestantes con las piedras que había en el suelo. Una de ellas impactó contra el ojo izquierdo de Roberto Álvarez (jubilado y militante del Partido Obrero conocido por sus compañeros como “el Barba”); esto le ocasionó el estallido del globo ocular y la pérdida de visión. No fue azar; se trató de un ataque planificado en un operativo donde las fuerzas de seguridad apuntaban directo al rostro y no a las piernas, como se ocuparon de aclarar varios funcionarios del gobierno. La Primera Piedra entrevistó a Roberto en los días de su recuperación.
Antes de que Roberto saliera al jardín del fondo de su casa para ser entrevistado, su compañera Liliana —docente, abogada y miembro de SUTEBA La Matanza— cuenta una anécdota que revela la esencia del Barba. Durante su internación en el Hospital Durand necesitaba un pijama, así que ella se encargó de comprar uno; cuando la enfermera advirtió la nueva prenda felicitó al Barba por su estreno y por haber ligado algo en medio de la penosa situación. La respuesta de él condensa todo el humor y la ironía necesarios para continuar la lucha: “Sí, tendré pijama nuevo pero me costó un ojo de la cara”.
El Barba saluda con un abrazo enérgico y se sienta en una de las reposeras del jardín que cuida con gran esmero y dedicación. También le gustan los pájaros, y en sus ratos libres suele darles de comer. A lo lejos se oye el canto de cientos de aves distintas, y el paisaje sonoro de alguna manera viene a justificar los nombres de las calles de este peculiar barrio situado en La Matanza: el Chacurú, la Pirincha, el Ruiseñor, el Espinillo. La paz que se respira en estas pocas manzanas y en el rostro del Barba parecen marcar un crudo contraste con lo que se vivió hace algunos días en las inmediaciones del Congreso Nacional.
Ola represiva y criminalización de la protesta
— ¿Qué ocurrió ese lunes durante la movilización?
— Ya desde el jueves veníamos con esta batalla campal. No pudimos revertir la situación debido a los bloques que se decían opositores y, al momento de levantar la mano, lo hicieron en contra de los jubilados. Yo hace dos meses que soy jubilado, pero ante todo soy un militante del Partido Obrero y de la clase obrera. La vengo batallando desde los años setenta.
— ¿Cómo analiza la ola represiva que se desató en Congreso?
— Lo del lunes a mí me parece que fue el producto de una escala represiva que venía gestándose en el país a partir de las muertes en el sur [Santiago Maldonado y Rafael Nahuel]. Acá hay un gobierno que quiere implementar un plan a rajatabla. En otros momentos del capitalismo la burguesía recurría a las fuerzas armadas. En este caso no, porque supuestamente se trata de un gobierno elegido por el pueblo, pero aún así utilizan las fuerzas de seguridad para reprimir la protesta.
Violencia es no llegar a fin de mes, tener chicos que se mueren de hambre, un presupuesto educativo que no alcanza, un servicio médico que es para los más privilegiados
— ¿Cómo vivió la represión de ese día?
— Nosotros estábamos en la zona de Rivadavia y Rodríguez Peña con un grupo de compañeros. En un momento la Policía se quedó sin gases ni balas de goma, entonces empezó a tirar piedras. Yo venía corriendo para atrás y una piedra me dio de frente vaciándome el ojo izquierdo. Quizás pensaron que de esa manera podrían amedrentar mi espíritu de lucha pero les salió el tiro por la culata, porque la solidaridad de los compañeros y del pueblo me fortalece.
— Muchos parecen más escandalizados por el patrimonio de la ciudad que por la integridad de los heridos durante la represión. ¿Qué piensa de esas críticas?
— Mirá, vos vas a la marcha para reclamar por tus derechos y te encontrás con un Estado que tiene una fuerza represiva tal que parecía que estábamos en Medio Oriente. Fue terrible. Esas imágenes a mí no se me borraron. Nosotros nos defendíamos con los elementos que teníamos, y en este caso fueron las baldosas de la vereda. Si realmente hubiésemos querido tomar el Congreso como dicen, no hubiéramos ido con piedras y gomeras. La pelea hubiese sido otra.
— Me imagino que la mayoría tiene sus años de militancia y conoce los distintos métodos de llevar a cabo una resistencia.
— Sí, muchos de nosotros venimos con un par de garrotes por el lomo y sabemos lo que es la lucha, pero no creemos que estén dadas las condiciones para ciertos métodos. Hoy creemos que la movilización es la mejor herramienta para combatir a los poderosos, representados por el gobierno de Macri.
— ¿Qué les diría a quienes tildan a los manifestantes de “violentos”?
— Violencia es no llegar a fin de mes, tener chicos que se mueren de hambre, un presupuesto educativo que no alcanza, un servicio médico que es para los más privilegiados. Eso es violencia. Lo que se genera después en las calles es simplemente el producto de esa violencia. Quizás pensaron que de esa manera podrían amedrentar mi espíritu de lucha pero les salió el tiro por la culata, porque la solidaridad de los compañeros y del pueblo me fortalece
— En estos días recibió gran apoyo de distintas personas y colectivos a través de las redes sociales. ¿Qué balance puede hacer de ese acompañamiento?
— A veces uno no se da cuenta de lo que va generando. Yo he militado en muchos lugares y hay una cantidad de gente que me conoce, pero independientemente de eso hubo quienes expresaron su apoyo a pesar de no conocerme porque nos une lo que estamos defendiendo, no mi circunstancia personal. Tal vez hoy puedo ser voz de una cantidad de compañeros o jubilados que tienen la misma posición sobre este tema.
— ¿Fue la convicción la que hizo que estuviese luchando en las calles?
— Sí. Mi hijo me preguntaba si se podría haber evitado. La verdad es que no, porque quienes tomamos la causa de los obreros y la lucha popular lo hacemos convencidos. Yo hace más de cuarenta años que asumí esa responsabilidad, y las cuestiones personales también están incluidas. No sería sorpresa teniendo en cuenta que en mi familia son casi todos militantes y siempre me han apoyado.
Años de militancia
— ¿Cuándo comenzó su militancia?
— Bueno, yo vengo de una familia de obreros. Soy de Concordia, Entre Ríos; nací al borde del Frigorífico CAP Yuquerí que tenía más de 2000 empleados, así que la relación entre el obrero y las bases siempre estuvo. Mi padre fue delegado y en las grandes huelgas del ’59 él hacía piquetes con piedras y nosotros, siendo muy pobres, le llevábamos la comida. Esas experiencias, consciente o inconscientemente, me han quedado muy grabadas, uno las va atesorando. Cuando terminé la primaria había ciertas necesidades y me puse a laburar en las quintas, en estaciones de servicio.
— ¿Militó en el peronismo?
— Sí, en 1972/73 yo ya militaba en la Regional 2 de la JP [Juventud Peronista] y Montoneros para fortalecer un trabajo en la secundaria. Después entré al frigorífico, aunque no me querían tomar por mi condición de “zurdito” como decían ellos. Ahí tratamos de organizar una lista opositora, pero mi primera experiencia fue un fracaso porque al año nos echaron a todos y por desgracia nos impugnaron la lista.
Quienes tomamos la causa de los obreros y la lucha popular lo hacemos convencidos. Yo hace más de cuarenta años que asumí esa responsabilidad, y las cuestiones personales también están incluidas (…) Vengo de una familia de obreros, así que la relación entre el obrero y las bases siempre estuvo
— ¿Qué recuerda de aquellas primeras experiencias?
— Bueno, yo vine a Ezeiza cuando la burocracia sindical nos mató a tiros, estuve cuando el General nos echó de la Plaza. Soy un pedazo de la historia de la militancia, ¿no? (risas). Y en el ’80 nos juntamos algunos compañeros de diferentes corrientes —PRT, Montoneros— y fuimos detenidos. Ahí hubo una movida internacional porque uno de los que habían caído pertenecía al Partido Intransigente. Nos liberaron, me vine a Buenos Aires y con un grupo de compañeros formamos el PI. Éramos cuatro o cinco, pero la idea era atractiva: un tercer movimiento histórico…
— ¿Qué pasaba por sus cabezas en ese momento? ¿Qué idea de país tenían en mente?
— Imaginate que yo había leído todo el tiempo la CGT de los Argentinos, soy gráfico, me encuentro con Raimundo Ongaro y había una lucha permanente. Después, cuando estás adentro, te das cuenta de cómo son las cosas; si bien el viejo Ongaro no estaba en esa, toda su dirección pertenecía a una nueva burocracia. Más adelante me incorporé a la Lista Naranja Gráfica junto a Néstor Pitrola, y antes de eso había hecho trabajo en las villas de forma independiente. Muchos compañeros han transitado este camino, apostando a partidos capitalistas, nacionalistas y burgueses, pensando que ahí estaba la solución. Tal vez por desconocer esa perspectiva mayor que es la lucha de clases. No es fácil romper con todo lo que uno trae.
— ¿Ese es el momento en el que nace el Polo Obrero?
— Sí, lo fundamos entre los gráficos, los docentes y miembros de otras agrupaciones. Pero el Polo Obrero tenía una particularidad: ahí se formaba a compañeros ocupados y desocupados para no perder la cuestión de clase. Después se dio que muchos de esos integrantes consiguieron trabajo y fueron elegidos delegados sindicales para dar la lucha desde adentro. Ese ha sido uno de los grandes aciertos y trajo un gran crecimiento al movimiento.
Nuevos desafíos de la izquierda y el rol de la juventud
— ¿Qué desafíos cree que tiene hoy la izquierda para interpelar a aquellos que pertenecen a la clase obrera pero quizás no se reconocen como parte de ese colectivo?
— Hoy la izquierda tiene un gran compromiso. En los años ’30 fue el yrigoyenismo el que rompió con el conservadurismo; después el peronismo tomó las banderas, llevó a cabo muchas reivindicaciones a partir de los proyectos de [el diputado socialista Alfredo] Palacios y consiguió aglutinar a las grandes masas de obreros en el ’45. Acordate que la mayor cantidad de trabajadores estuvieron históricamente en las filas de los anarquistas; ellos tenían muchos sindicatos.
Yo vine a Ezeiza cuando la burocracia sindical nos mató a tiros, estuve cuando el General nos echó de la Plaza. Soy un pedazo de la historia de la militancia, ¿no? (risas)
— ¿Cree que el peronismo ha perdido ese rol actualmente?
— Me parece que el peronismo hoy ya no cumple ninguna de esas funciones; es un cadáver político que habría que sepultar, y la izquierda debería ser el sepulturero.
— ¿Qué piensa respecto de la supuesta “derechización” de la clase obrera?
— Creo que es un error pensar eso. Por un lado hay gran cantidad de gente dispuesta a luchar y, por otro, hay una burocracia que no ofrece ningún plan o salida para la clase obrera. Yo convoco a los trabajadores para que empiecen a ver otras perspectivas, aunque no sean las del Partido Obrero. Pero sí que empiecen a romper con las burocracias dentro de sus gremios. Hoy nuestro objetivo es ir ganando sindicatos, como el SUTNA o el SUTEBA.

— En una foto que circuló mucho por las redes se lo ve al frente de la columna del partido formando un cordón con tres o cuatro compañeros más, todos jóvenes. ¿Cómo vive ese encuentro generacional?
— Me parece que la juventud ha jugado un rol importantísimo en estos últimos acontecimientos, porque llevó adelante muchas de las reivindicaciones que defendemos. Yo estoy muy orgulloso de los jóvenes, y me quedo muy tranquilo porque hay una vanguardia que se va a llevar puesto al sistema; quizás no hoy, ni mañana, pero el capitalismo está en una crisis profunda y hay que empujarlo nada más.
Reforma previsional: la gran estafa a los jubilados
— ¿Qué piensa de la reforma previsional particularmente? Como militante y como jubilado.
— Hace dos meses que estoy en la situación de jubilado. En los años ’90 hemos perdido un 5% del porcentaje que aportaban las patronales, y los siguientes gobiernos no sólo nos vetaron el 82% móvil sino que tampoco recuperaron ese 5%, que es una masa de dinero importante con la que hoy podríamos tener una jubilación mejor. Y ahora lanzaron este engaño de la “reparación histórica” para evitar los juicios que se venían desarrollando.
— Los cambios de la reforma incluyen el aumento en la edad jubilatoria y un doble ajuste para las mujeres. ¿Qué opinión tiene al respecto?
— Estoy en total desacuerdo. Extender la edad jubilatoria a los 70 años es un error, por más que uno tenga una buena calidad de vida. ¡Hemos aportado durante treinta o cuarenta años! Y también sabemos que la mujer sufre una doble explotación, porque no sólo ocupa su puesto de trabajo sino que después tiene que seguir trabajando en su propia casa. Sigo sin entender cómo puede haber sectores que acuerden con esta política.
— ¿Qué rol considera que cumplió la CGT en todo esto?
— El rol de siempre. En vez de accionar para que la clase obrera tenga un posicionamiento, las burocracias hacen la plancha. Siempre se nos ha dicho que si uno está en un gremio no puede hacer política. ¡Mentira! Ellos escalan y apoyan las leyes que favorecen a las clases poderosas. La CGT no hizo más que descomprimir la situación con una huelga dominguera sin un plan de lucha ni un movimiento de masas, porque no tienen ninguna intención de combatir este gobierno.
— ¿Cuáles son sus referentes políticos actuales?
— Jorge Altamira, que es el fundador del partido. Tiene una gran formación y para mí es uno de los grandes pensadores de la izquierda argentina. También hay una camada de compañeros nuevos: con Néstor [Pitrola] hemos militado juntos en los gráficos, Gabriel Solano, Marcelo Ramal, Romina del Plá. De todos modos desecho los personalismos, aunque siempre haya referentes; creo en un programa y en un gran partido de la clase obrera.
— ¿Cree que el pueblo está despertando?
— Yo creo que sí. A veces los cambios no se dan por una cuestión intelectual o ideológica, sino a partir de hechos concretos: por ejemplo, cuando al momento de cobrar sea menor el salario, cuando haya que pagar la luz o los remedios. Pero tenemos que estar atentos para canalizar esa bronca y que no se repita lo del 2001.
— Las asambleas populares fueron un germen que después se apagó, ¿no?
— Sí, ese fue un momento de quiebre: había un potencial de lucha que no pudo aprovecharse porque los movimientos de izquierda no tenían un proyecto a desarrollar. Entonces vino Duhalde, capitalizó esa situación y recompuso a toda la burguesía nacional. Si se diera un escenario parecido a ese, la izquierda y la clase obrera tendrían que protagonizar el proceso; aún con las diferencias que tengamos, deberíamos llevar a cabo acciones en común. Pero las experiencias son intransferibles. Yo aposté como tantos otros a los partidos burgueses, pero cada uno tiene que hacer su propio recorrido. A mí me llevó más de 25 años descubrir la cuestión de clase.
El Barba se despide con un abrazo del mismo calibre energético que el primero. No reclama fuerzas sino que, muy por el contrario, entrega las suyas a los demás (porque tiene de sobra). Alguien ha bromeado por ahí con cambiarle su legendario apodo por “el Tuerto”, y Liliana cuenta que días atrás se vio obligado a negociar algo de su tupida barba para que pudiese entrar la mascarilla de oxígeno durante la intervención quirúrgica.
Entre tantos apoyos vía redes sociales, uno de los mensajes remitía a la figura del Cíclope, esas gigantescas criaturas de un solo ojo que se ocupaban de forjar las armas de los dioses olímpicos. Las piedras de la Policía le han quitado al Barba su ojo izquierdo, pero no han podido con su espíritu de lucha. “Hay Barba para rato”, asegura, y su ojo derecho parece ver más lejos aún.

Vide site  http://www.po.org.ar/prensaObrera/online/politicas/roberto-barba-alvarez-violencia-es-no-llegar-a-fin-de-mes