sábado, 24 de março de 2018

Em 2018 celebramos os oitenta anos da fundação da IV Internacional


   
Sob a bandeira da IV Internacional

"Os céticos perguntam: mas chegou o momento de criar uma nova internacional? É impossível, dizem, criar uma Internacional "artificialmente"; apenas os grandes acontecimentos podem fazê-la surgir etc. Todas essas objeções demonstram apenas que os céticos não servem para criar uma nova Internacional. Em geral não servem para nada.

A IV Internacional já surgiu de grandes acontecimentos: as maiores derrotas do proletariado na História. A causa dessas derrotas é a degenerescência e a traição de velha direção. A luta de classes não tolera interrupção. A III Internacional, após a II, está morta para a revolução. Viva a IV Internacional !

Mas os céticos não se calam: Já é momento de proclamá-la?" "A IV Internacional, responderemos, não tem necessidade de ser proclamada. Ela existe e luta. É fraca? Sim, suas fileiras são, até agora, pouco numerosas, pois ainda é jovem. Elas compõem-se, sobretudo, de quadros dirigentes. Mas esses quadros são a única garantia do futuro. Fora desses quadros não existe, neste planeta, uma só corrente revolucionária que realmente mereça este nome. Se nossa Internacional é ainda fraca em número, ela é forte pela doutrina, pela tradição, pelo programa, pela t mpera incomparável de seus quadros. Aquele que não vê isto hoje que continue afastado. Amanhã isto será mais visível."

A IV Internacional goza desde já do ódio merecido dos stalinistas, dos social-democratas, dos liberais burgueses e dos fascistas. Ela não tem nem pode ter lugar em nenhuma das frentes populares. Opõe-se irredutivelmente a todos os agrupamentos políticos ligados à burguesia. Sua tarefa é acabar com a dominação capitalista. Sua finalidade é o socialismo. Seu método é a revolução proletária.

Sem democracia interna não existe educação revolucionária. Sem disciplina não há ação revolucionária. O regime interno da IV Internacional está fundamentado sobre os princípios do centralismo democrático: completa liberdade na discussão, total unidade na ação.

A crise atual da civilização humana é a crise da direção do proletariado. Os operários avançados, reunidos no seio da IV Internacional, mostram à sua classe o caminho para sair da crise. Propõem-lhe um programa baseado sobre a experiência internacional da luta emancipadora do proletariado e de todos os oprimidos do mundo. Propõem-lhe uma bandeira sem mácula alguma.

Operários e operárias de todos os países, organizem-se sob a bandeira da IV Internacional!

É a bandeira de sua próxima vitória"
Leon Trotsky

Périgny (França), 3 de setembro de 1938

quinta-feira, 15 de março de 2018

TODOS AOS ATOS CONVOCADOS DE REPÚDIO AO ASSASSINATO DE MARIELLE FRANCO


O PSOL está convocando atos-vigílias contra o assassinato de Marielle Franco e de Anderson Pedro Gomes em várias capitais do país.
Chamamos a população favelada, os trabalhadores, as mulheres, os negros e as negras, os LGBT's e o conjunto dos explorados do país a se somarem a estas vigílias que devem se converter em denúncia da escalada de violência e corrupção das polícias militares em todo o país, do estado de sítio contra a população pobre do Rio de Janeiro imposto pela intervenção militar que logicamente dá continuidade ao golpe de estado contra as massas trabalhadoras.
O conjunto do regime político está comprometido com mais este crime e o Estado é o responsável.
É hora dos trabalhadores responderem enquanto classe social de maneira independente através de uma mobilização que se paute pelos métodos próprios da classe operária tomando as ruas do país com atos, passeatas e manifestações massivas.
Todos aos atos-vigílias!

quarta-feira, 14 de março de 2018

MARIELLE FRANCO, VEREADORA DO PSOL É ASSASSINADA NO RIO DE JANEIRO







Marielle Franco, vereadora do PSOL no Rio de Janeiro, foi executada nessa noite em pleno centro da capital carioca. Nove tiros foram disparados contra seu carro após ela ter participado de uma atividade política na Lapa.

O motorista que conduzia o carro, Anderson Pedro Gomes, também foi assassinado. Sua assessora foi ferida, mas sobreviveu a este crime monstruoso, que é mais um sinal da barbárie e do terror que o capitalismo está levando às massas pauperizadas nos grandes centros urbanos do país.

Como podemos ver na postagem que a companheira fez nos últimos dias de sua vida de mulher, negra e militante, a execução covarde foi realizada logo depois que ela havia denunciado a ação terrorista da PM nas favelas do Rio do Janeiro contra uma população indefesa e cada vez mais reprimida. Marielle era responsável pela comissão da Câmara de Vereadores que investigava violações de direitos humanos na intervenção militar.

Trata-se com toda a certeza de um crime político, uma execução infame e portanto o estado do Rio de Janeiro, bem como os governos de Pezão, Crivella e Temer devem ser responsabilizados, junto com os comandantes militares, com sua intervenção e ocupação indevida e imprópria.

Marielle Franco, uma vereadora de esquerda e militante em defesa dos direitos humanos, principalmente da população negra, favelada e massacrada do Rio de Janeiro, acaba de sofrer um assassinato político, e aqueles que são os responsáveis pela miséria social para a qual a maioria dos trabalhadores está sendo empurrada, devem responder por mais este crime abominável.

É nos marcos de uma intervenção militar que colocou a população em estado de sítio no Rio de Janeiro e da decomposição total dos aparelhos repressivos do Estado que ocorre mais este assassinato, que escancara para o mundo que o Haiti e o México são aqui e agora.




A TRIBUNA CLASSISTA QUER LEVAR SUA SOLIDARIEDADE DE CLASSE AOS FAMILIARES DE MARIELLE FRANCO E DO MOTORISTA ANDERSON PEDRO GOMES ASSASSINADOS, BEM COMO À TODA MILITÂNCIA DO PSOL NA FORMA DESSE PRONUNCIAMENTO, BEM COMO CHAMAMOS A TODAS AS ORGANIZAÇÕES OPERÁRIAS E A TODOS OS TRABALHADORES A SE MOBILIZAREM E A LUTAR PARA QUE SEJA FEITA JUSTIÇA COM OS MÉTODOS DA CLASSE OPERÁRIA, COM GREVE GERAL, COM ASSEMBLEIAS E ATOS POLÍTICOS EM TODO O PAÍS PARA REPUDIAR ESTE BRUTAL E COVARDE ASSASSINATO, PARA COLOCAR O CONJUNTO DO REGIME POLÍTICO NO BANCO DOS RÉUS.



- PELO ESCLARECIMENTO IMEDIATO DESSES BRUTAIS ASSASSINATOS!

- PELA PUNIÇÃO DOS RESPONSÁVEIS!

- OS GOVERNOS TEMER/PEZÃO/CRIVELLA E OS COMANDANTES DAS TROPAS INTERVENTORAS SÃO OS PRINCIPAIS CULPADOS!

- NÃO À REPRESSÃO ESTATAL E PARAESTATAL QUE ASSOLA A POPULAÇÃO POBRE E FAVELADA DO RIO DE JANEIRO E DE TODO O PAÍS!

- MARIELLE FRANCO, PRESENTE!











domingo, 11 de março de 2018

BRASIL: GOLPISMO E PROSCRIÇÕES À DIREITA E À ESQUERDA



Por Jorge Altamira

A “fissura” no Partido Socialismo e Liberdade


 


 Foto: Ex-presidente Lula e Guilherme Boulos, candidato do PSOL

A intervenção militar na segurança pública do Rio de Janeiro é possivelmente a manifestação mais aguda da decomposição política em que atravessa o Brasil. O corpo governamental que substituiu o governo de Dilma Roussef, destituída pelo Congresso, recorre a braçadas de afogado para conter uma crise que transborda em todos os planos. O emprego das forças armadas com o propósito de combater o narcotráfico ameaça converter o Brasil em outro México, em um regime de violação dos direitos humanos, que deixou um rastro de 200 mil mortos e assassinatos. Outras numerosas cidades brasileiras enfrentam situações ainda piores que as do Rio. A militarização favorece o desenvolvimento eleitoral de candidatos de direita que propugnam um regime político de estado de sítio. No plano econômico, a privatização generalizada de setores estratégicos, impulsionada pelas denúncias contra o chamado “petrolão” (corrupção na Petrobrás) e as propinas da Odebrecht, não criaram nenhuma onda nova de investimentos, ao invés disso, as qualificadoras de risco rebaixaram a dívida brasileira, que equivale a 100% da produção nacional.

   Este quadro de conjunto criou um acentuado impasse na governabilidade do país. Os escândalos por corrupção continuam afetando os capitalistas e os políticos. É o que tem voltado a ocorrer com os donos do frigorífico JBS, o principal produtor mundial de carne, e mesmo com o presidente Temer, o qual teve que abrir as contas bancárias por ordem da Justiça. A proximidade das eleições gerais, em outubro, não serve como válvula de escape à crise, mas sim pelo contrário. Isto explica que alguns observadores advirtam da possibilidade de que sejam postergadas, para possibilitar uma mudança do regime político para o parlamentarismo. A proscrição de Lula, a quem as pesquisas apontam como vencedor nos dois turnos eleitorais, não seria suficiente para arbitrar um resultado que satisfaça ao oficialismo e aos chamados ‘investidores’. Lula foi condenado em duas instâncias, com uma pena de 12 anos e meio, e enfrenta além disso vários outros julgamentos por corrupção. Os círculos governantes temem uma transferência de votos de Lula para Fernando Haddad, ex-presidente do PT e ex-prefeito da cidade de São Paulo – o plano B do lulismo. Uma vitória de Haddad instalaria um governo Dilma Roussef  2 – uma saída política, ainda que inócua, inaceitável para o poder atual.

   À esquerda deste cenário político, o PSOL não escapou da crise, nem tampouco aos métodos golpistas “parlamentares”. O PSOL foi constituído após a expulsão de vários parlamentares do PT, quando se negaram a votar a reforma previdenciária, no primeiro ano do governo de Lula, que atacava os direitos previdenciários e as aposentadorias dos servidores públicos federais. Foi, desde o começo, um aparelho controlado por políticos liberais de esquerda, onde se abrigou toda a esquerda, em especial a trotskista, que o defendia politicamente para preservá-lo como guarda-chuva eleitoral e veículo parlamentar. Nas eleições municipais foi usado também pelo MRT (PTS) e há dias foi admitida uma cisão do PSTU – o MAIS. Abriga dirigentes de orientação clerical e emigrados tardios do PT que exerceram funções de estado. No segundo turno da última eleição, em 2014, apoiou a fórmula Dilma-Temer. Antes que Dilma estivesse garantida no segundo turno, essa fórmula tinha acentuado a política de “ajuste” anti-operário e levado aos ministérios banqueiros da corrente “neoliberal”. Para dizer pouco, o PSOL é uma agência da esquerda do regime político brasileiro.


   Há poucos dias, o PSOL sofreu seu próprio golpe institucional, duplamente. Primeiro, a “Fundação” do PSOL subscreveu um acordo político com as “Fundações” do PDT, PT e outros, cujo programa assinala a necessidade de fazer “crescer” o Brasil, com uma série de propostas desenvolvimentistas, quase filo-macristas. O recurso às “Fundações” não é um capricho, porque assim se evita a consulta aos militantes dos respectivos partidos. A Frente já foi batizada de “Cidadã”, e justifica-se a si mesmo, como ocorre também na Argentina, como um meio para conter a vulnerabilidade da democracia no Brasil. Não propõe, no entanto, nenhuma medida concreta de contenção, o qual é coerente, porque o exército já foi enviado para o Rio de Janeiro durante o governo Lula – assim como foram Lula e o PT, governando em aliança com partidos patronais que retomaram o ataque aos direitos previdenciários que haviam iniciado seus predecessores. A última coisa que lhe passaria pela cabeça à Frente Cidadania seria se opor ao alto comando militar, que já deu a entender, por meio de militares da reserva, que a tem na mira, incluído um veto à vitória eleitoral de um candidato do PT.

   O segundo episódio golpista veio em seguida, preparado pelo anterior. O dirigente do Movimento de Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos, um declarado lulista, se filiou no PSOL e foi lançado candidato a Presidente pela maioria liberal da direção, não sem antes receber saudações de apoio político do próprio Lula. Em seguida lançou seu próprio programa – de mesmo corte desenvolvimentista, o qual apresentaram as “Fundações”. A intenção de Boulos é converter o primeiro turno eleitoral em uma prévia com o candidato que designe o PT no lugar de Lula. A manobra é apoiada pelos partidos patronais da Frente Cidadã, e contaria com a presença de candidatos do PC do B e dos ambientalistas.  Nada disto significa que ficariam separados do empreendimento outros conhecidíssimos políticos patronais. Por exemplo, Ciro Gomes, ex-governador do Ceará, e Renan Calheiros, do PMDB, promotor do “impeachment” contra Dilma, estão acompanhando Lula em suas caravanas políticas.

   É claro que a estrutura política brasileira está se reacomodando a puro golpe, pois não suporta o impacto da crise e ao deslocamento político e social da qual é responsável. O trotskismo do PSOL reagiu a estas duas medidas de choque seguidas com muito nojo, pois pretendia que o PSOL fosse às eleições com outro candidato, Plinio de Arruda Sampaio Jr., um acadêmico de prestígio, que denuncia a corrupção e o entreguismo dos governos de Lula e Dilma, e se apresenta como independente, mas não se inscreve em uma corrente organizada, nem tampouco de luta de classes. No sábado próximo deverá resignar sua vocação frente ao golpismo compartilhado de Lula, Boulos e a direção do PSOL.

   Que farão os trotskistas do PSOL, tanto os que se filiaram na FIT da Argentina, como aqueles que respondem à Esquerda para a Mudança? Chegaram ao final de um longo caminho oportunista, focado em uma construção política à sombra da pequena burguesia parlamentar. Não têm espaço nem para retroceder. O mais provável é que briguem por uma “beira” nas candidaturas proporcionais. Não têm direito a espernearem, porque cavaram, com todo cuidado, sua própria cova.

   As eleições de outubro estão propostas, por parte do regime político, como um meio para legitimar, com o voto, o golpe que derrubou Dilma – uma sorte de macrismo “post festum” (ressaca). A incerteza a respeito de poder atingir este propósito anuncia tentativas de novos golpes. Nenhuma força política de esquerda no Brasil desenvolve esta possibilidade ou prevê crises políticas ainda mais severas; vai às eleições com um cálculo eleitoral. A crise no PSOL está viciada por esta cegueira – ninguém adverte às massas que o regime político tem seu próprio plano B, que é uma armação eleitoral que lhe assegure a continuidade. Entre lulistas e anti-lulistas há somente uma briga eleitoralista.

   Temos que discutir a situação brasileira e a política da esquerda, tanto da democratizante, como da que se pretende revolucionária. Os brasileiros chamam “efeito Orloff” à ressaca que sofrem Brasil ou Argentina depois que um dos dois países entrou, primeiro, em uma crise política.

quarta-feira, 7 de março de 2018

A ORIGEM SOCIALISTA DO 8 DE MARÇO




 Por Natalia González 





O Dia Internacional da Mulher Trabalhadora tem suas origens no movimento internacional de mulheres socialistas de finais do século XIX e começo do século XX, que interveio na construção dos primeiros partidos socialistas, nas fábricas têxteis e nos movimentos de mulheres sufragistas.

As sociais-democratas norte-americanas e inglesas foram as que intervieram em maior medida no movimento sufragista. Este movimento de mulheres lutava pelo voto feminino desde meados do século XIX. O movimento sufragista é conceituado por muitos historiadores como a Primeira Onda de luta por direitos civis femininos. Nos EUA, o movimento surgiu no processo de luta contra a escravidão e a instalação da República. Na Europa nasce também como uma expressão da burguesia feminina que reclamava ser incorporada à democracia.

Em geral, as sufragistas burguesas não exigiam mais que direitos igualitários em relação ao voto, com a convicção de que se votassem, podiam mudar as leis e inclusive as instituições. As revolucionárias, pelo contrário sustentavam que só mudando a ordem social e abolindo ao capitalismo como relação social, a mulher trabalhadora poderia ser libertada da opressão que sofre no regime capitalista. O problema da mulher se colocou para muitos como um problema classista, para os trabalhadores se tratava de ampliar os direitos civis da classe operária e para a burguesia isto era algo que não se podia aceitar facilmente, nas palavras de Alexandra Kollontai em 1920: “A questão da igualdade da mulher, e a questão de se as mulheres tomarão parte no governo ao lado dos homens estava sendo objeto de acalorados debates. A classe operária em todos os países capitalistas lutou pelos direitos das mulheres trabalhadoras: a burguesia não quis aceitar esses direitos. Não estava no interesse da burguesia fortalecer o voto da classe operária no parlamento; e em todos os países impediram a aprovação de leis que davam direitos às operárias.” (No dia Internacional da Mulher, 1920).


A Primeira Conferência Internacional de Mulheres


No ano de 1907 realizou-se a Primeira Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, em Stuttgart, Alemanha, com a presença de destacadas socialistas como Clara Zetnik, Rosa Luxemburgo e Alexandra Kollontai. A conferência aprovou entre suas principais resoluções que “Todos os partidos socialistas do mundo devem lutar pelo sufrágio feminino” e elaborou uma estratégia política para aproximar às operárias ao Partido Socialista, em uma etapa de enorme agitação pela redução da jornada de trabalho e pelo direito à sindicalização.

Em 1908, A Federação dos Clubes de Mulheres de Chicago toma a iniciativa, autônoma, não ligada oficialmente ao Partido Socialista, de organizar um Woman's Day, em um teatro da cidade. Foi no domingo de 3 de maio de 1908. Os debates tinham dois pontos da ordem do dia: 1. A educação da classe trabalhadora. 2. A mulher e o Partido Socialista.” (Gianotti: 2004).
 
O primeiro dia da Mulher a ser assumido pelo Partido Socialista dos EUA foi o 28 de fevereiro do ano seguinte, em Nova York. Esse 28 de fevereiro de 1909 foi para as socialistas o primeiro Dia da Mulher, em que se organizaram importantes manifestações e comícios para reivindicar as reivindicações das mulheres trabalhadoras. A iniciativa de organizar um dia para as manifestações e debates sobre os anseios das trabalhadoras, corresponde-lhes então às operárias norte-americanas. Em outras cidades como Chicago, o dia foi celebrado em outra data.

O objetivo do Woman's day convocado pelo Comitê Nacional da Mulher do Partido Socialista Americano “era obter o direito de voto e abolir a escravidão sexual.” (Gianotti, idem)


A Segunda Conferência Internacional de Mulheres


A iniciativa de fixar um dia de luta pelos direitos da Mulher Trabalhadora de todos os partidos sociais-democratas partiu sem dúvidas das operárias do Partido Socialista dos EUA (SWP); suas delegadas levaram esta proposta à 2ª Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, que se celebrou nos dias 25 e 26 de Agosto de 1910 em Copenhague, Dinamarca. Clara Zetkin foi quem propôs finalmente tomar a iniciativa das operárias americanas e desenvolvê-la em todo mundo.

O Partido Socialista Americano havia organizado o Woman´s Day (em que participaram de sua organização as operárias têxteis da greve que se desenvolveu no começo desse ano, pela redução da jornada de trabalho e melhores condições de trabalho), que ficou na história com o nome de "A Insurreição das 20 mil".

Os trabalhadores estavam comovidos pelos dois meses de greve das costureiras da empresa têxtil Triangle de Nova York, porque apesar dos pelegos armados e a repressão – 600 detidas–, milhares de operárias de outras fábricas e até um setor das sufragistas fortaleceram os piquetes. Mobilizações de mais de 10.000 mulheres sacudiam Nova York.” (Olga Cristóbal: 2010). A greve acabou no dia 15 de fevereiro de 1910 com um triunfo parcial, e muitas costureiras somaram-se à organização do Woman´s day junto com o Partido Socialista Americano.

A 2ª Conferência discutiu a questão da guerra e chamou as operárias a lutar contra o militarismo e o chauvinismo. Consolidou um programa integral de defesa da trabalhadora grávida e mãe, “sejam seus filhos legítimos ou naturais”. Assinalou que “a maternidade deve ser reconhecida como uma função social, com independência do Estado civil e as formas que assume a família”. Exigiu a revisão das leis sobre o infanticídio, “cometido principalmente por mães que têm sido abandonados à sua própria sorte”.

Declarou a guerra contra a influência religiosa e contra “as máfias que traficam com carne humana”, as redes de exploração sexual. A luta pela igualdade política – o direito ao voto, conceituada como parte da luta mundial da classe operária, foi o ponto chave de delimitação do sufragismo burguês.

Zetkin questionou a cooperação entre o socialismo inglês com as sufragistas burguesas - que defendiam o voto qualificado; a Conferência votou: “O movimento das mulheres socialistas recusa o voto qualificado e considera-o uma falsificação e um insulto a qualquer princípio de igualdade política. Lutamos pela única expressão admissível deste princípio: sufrágio universal para todas as maiores de idade sem títulos de propriedade, impostos, educação ou qualquer outra questão que impeça às integrantes da classe operária fazer uso de seus direitos civis. O movimento socialista da mulher não encara sua luta junto com os movimentos burgueses da mulher se não for em estreita colaboração com os partidos socialistas, que defendem os direitos eleitorais sem distinção de sexo”. (Kollontai, em Cristóbal: 2010).

As sufragistas por sua vez, no começo da primeira Guerra Mundial entraram em uma trégua com os países em guerra, voltando-se em prol das burguesias nacionais, entregando-se ao chauvinismo que criticou a 2ª Conferência de Mulheres Socialistas em Copenhague. Olga Cristóbal sustenta que as sufragistas burguesas pensavam nesse momento que se demonstravam sua “utilidade” ao Estado, podiam conseguir o direito ao voto. Decidiram opor-se como inimigas às mulheres dos países que se enfrentavam na guerra.


As primeiras celebrações internacionais


O primeiro Dia Internacional da Mulher Trabalhadora celebrou-se em 19 de março de 1911 e foi seguido na Áustria, Alemanha, Dinamarca e grande parte de Europa. Na Itália e outros países europeus realizou-se em outros dias já que a Conferência não fixou uma data em particular; cada país, ou melhor, cada seção da social-democracia escolheu um dia particular para isso. Nos Estados Unidos, a tradição de realizar o Dia da Mulher no último domingo de fevereiro repetiu-se por durante vários anos.

Segundo Kollontai, a escolha do dia 19 de março não foi casual: “Nossas camaradas alemãs escolheram o dia devido à importância histórica para o proletariado alemão. No 19 de março, no ano da revolução de 1848, o rei da Prússia reconheceu pela primeira vez a força do povo armado e cedeu frente à ameaça de uma insurreição proletária. Entre as muitas promessas que fez, que depois não cumpriu, foi a introdução do voto da mulher.” (No Dia Internacional da Mulher).

Na Europa e nos EUA, o sucesso da jornada foi além de todas as expectativas. Na Alemanha mais de 30 mil mulheres manifestaram-se, a polícia tentou dispersar as manifestações retirando os cartazes das manifestantes, que segundo relata Kollontai, mantiveram-se firmes na decisão de manifestar-se. O conflito e a repressão foram evitadas graças à intervenção dos deputados operários presentes nas manifestações.

Nas cidades menores realizaram-se comícios e debates, “depois de cada Dia da Mulher Proletária, muitas mulheres uniram-se aos partidos socialistas e os sindicatos cresceram. As organizações melhoraram e a consciência política desenvolveu-se” (Kollontai: 1920). Mas, além disso, a organização do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora fortaleceu a unidade internacional da classe operária. Na Europa revezavam-se oradoras entre as seções do partido que participavam, lutando fundamentalmente contra a guerra e o chauvinismo.

Nos Estados Unidos, enquanto isso, no dia 25 de março de 1911, um incêndio destruiu grande parte da fábrica têxtil Triangle. Não tinha saídas de emergência. Os bombeiros encontraram várias portas com cadeados e grades. Morreram 146 trabalhadoras; a maioria, imigrantes de origem judaica e italiana.

Centenas de milhares acompanharam o imponente funeral. O jornal América disse: “Quando a manifestação chegou a Washington Square, à vista do edifício Asch (sede da fábrica), as mulheres romperam em pranto. Um longo e doloroso pranto, a união de milhares de vozes, uma espécie de trovão humano em uma tormenta primordial, um lamento que era a expressão mais impressionante de dor humana que jamais se tenha ouvido na cidade”. Os donos da Triangle foram absolvidos pela Justiça (Cristóbal: 2010).


 8 de março de 1917, começa a Revolução Russa


Entre as socialistas russas, Alexandra Kollontai foi uma das pioneiras na organização da mulher. Já em 1906 organizava Clubes de Mulheres em São Petersburgo, teve um destacado papel na organização do primeiro Dia da Mulher na Rússia, que sob a opressão do czarismo foi comemorado no dia 3 de março de 1913.

Nesse mesmo ano (1913), o jornal do partido, Pravda, destinava uma página à luta da Mulher trabalhadora e em 1914 publicou um jornal destinado às trabalhadoras. Rabotnista (Operária)

Em Petrogrado, as militantes do partido organizaram um foro sobre “A questão da mulher”, na Bolsa de Valores de Kalashaikovsky. A entrada tinha um valor de 5 kopecks. Era uma reunião ilegal, mas a sala estava completamente cheia. Os membros do partido falaram. Mal tinham terminado os discursos, quando a polícia invadiu e prendeu muitos oradores, que foram levados às prisões czaristas e inclusive deportados à Sibéria (Kollontai: 1920).

Em 1914, sob a palavra de ordem: “Pelo voto às mulheres que trabalham!”, o partido tinha conseguido um melhor nível de organização para celebrar no dia da mulher, e inclusive já saía o jornal Rabotnista, no entanto todas as organizadoras do Dia da Mulher foram presas e não teve manifestação.

Em plena Guerra Mundial, em 1917, as socialistas russas organizaram no Dia da Mulher o dia 23 de fevereiro, pelo calendário juliano. No calendário ocidental, a data correspondia ao dia 8 de março. Foi nesse dia que explodiu a greve das tecelãs e costureiras de Petrogrado.

Ninguém pensou que pudesse ser convertido no primeiro dia da revolução. Nenhuma organização fez um apelo à greve para esse dia. A organização bolchevique mais combativa de todas, o Comitê de bairros operários de Viborg aconselhou que não se fosse à greve” (León Trotsky, em História da Revolução Russa). No entanto, “no dia seguinte, fazendo pouco caso de suas instruções, declararam-se em greve as operárias de algumas fábricas têxteis e enviaram delegadas aos metalúrgicos pedindo-lhes que apoiassem o movimento”. A greve geral das mulheres contra a guerra e a carestia foi o começo da Revolução de Fevereiro e o fim do czarismo. (León Trotsky em História da Revolução Russa).

Em 1921, em Moscou, A 1ª Conferência de Mulheres Comunistas fixou o dia 8 de março como data unificada em honra às operárias de Petrogrado. O 8 de março passou a ser além de um dia de luta da classe operária, um dia de celebração da revolução proletária que pôs em pé as reivindicações do movimento de mulheres socialistas.


 O “relato” da Fábrica Cotton


Nos últimos anos da década de 20 e, sobretudo, durante os anos 30, o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora se perdeu na tormenta que se abateu sobre o mundo. A ascensão do nazismo na Alemanha, o triunfo do stalinismo na URSS, a perseguição à oposição de esquerda, o declínio da socialdemocracia na Europa junto à tragédia da 2ª Guerra Mundial enterraram as manifestações do Dia da Mulher Trabalhadora.

Depois da Segunda Guerra Mundial, a organização do dia 8 de Março é retomada nos países comunistas com a intenção de edificar o regime e dar elogios aos líderes comunistas.

A primeira menção que relaciona a origem do dia 8 de março a uma greve desenvolvida em uma fábrica de nome Cotton, em New York em 1857, sem nenhum dos detalhes que serão acrescentados posteriormente, aparece pela primeira vez no periódico L´Humanité do Partido Comunista Francês, às vésperas do dia 8 de Março de 1955.

Em 1966, A Federação das Mulheres Comunistas da Alemanha informou a história da origem do Dia da Mulher em comemoração à tragédia da Cotton, acrescida com o martírio de 129 mulheres queimadas vivas pela patronal no dia 8 de Março de 1857. Tudo isto foi feito de forma confusa, misturando feitos com fantasias, “com cada contista escrevendo e inventando datas e detalhes” (Gianotti, idem). O “relato encobridor” da origem socialista do dia 8 de março estava em marcha.

No final dos anos 60, no que vários historiadores consideram a 2ª Onda Feminista, a organização do Dia da Mulher volta a ter relevância. É o momento do segundo levantamento revolucionário do proletariado francês do século XX, o Maio Francês, e o momento dos levantamentos contra as burocracias comunistas, a Primavera de Praga. No entanto, neste lapso de tempo, o marco do dia 8 de março, data da greve das operárias de Petrogrado de 1917, foi silenciado. Tanto o stalinismo, como a socialdemocracia reformista e o imperialismo, não tinham nenhum interesse em desenvolver a mínima menção de unir os movimentos de mulheres com a Revolução Russa.

Em meados da década de 70, o imperialismo intensificou sua cooptação sobre o movimento feminista. A ONU declara no ano de 1975 "a década da Mulher", e a partir de 1977, a UNESCO declara o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher, e todos seus países membros “celebram” o dia de “todas as mulheres”. A partir daqui, a ONU e todos seus organismos deram vida durante anos à falsificação das origens do dia 8 de março.

A consequência política lógica do encobrimento da origem socialista do Dia da Mulher traduz-se na organização policlassista das organizações de mulheres e feministas e a gerar expectativas na democracia e o regime capitalista durante todo este período, até chegar à transformação de várias das organizações feministas em ONG´s e organizações para-estatais, com vários de seus quadros cooptados não só pelos organismos da ONU, como  também pelos estados nacionais.

A partir de 1980 já estava amplamente difundida como verdadeira a história das operárias de Cotton e sua greve. Aparecerá nessa época até um pano de cor lilás, supostamente o que as mulheres estariam tecendo antes da greve. Daquela greve e incêndio de que não se têm registros históricos.

A cor lilás de qualquer jeito tinha sido usada também pelas feministas dos anos 60. Gianotti (2004) entende que a eleição do lilás ou anteriormente do verde como as cores da luta das mulheres apontavam muito mais para eliminar das manifestações e reuniões o vermelho das revolucionárias.



Um Dia de Luta contra o capital



O Dia da Mulher nasceu como um dia de luta contra o capital, de organização pelas reivindicações pendentes das trabalhadoras, que são também as reivindicações da classe operária toda. Os esforços do stalinismo durante a guerra fria de colocar o dia 8 de março como a comemoração de uma greve que nunca existiu, foi sem dúvidas para ocultar sua origem revolucionária frente aos levantamentos contra a burocracia nos estados operários. Os esforços combinados do imperialismo e a burguesia por convertê-lo em “o dia de todas as mulheres”, são os esforços para transformá-lo em um dia de conciliação de classes em nome do gênero, uma falsificação histórica que debilita a luta de todos os explorados.
 

segunda-feira, 5 de março de 2018

LULA E PSOL, (CADA VEZ MAIS) TUDO A VER

Mathias Rodrigues

 
Uma das decisões mais acertadas que tomei no ano passado foi sair do PSOL. Demorei muito tempo para compreender o que me incomodava no partido em que comecei a militar e a me formar politicamente. A partir de junho de 2013 e, especialmente, do processo de Golpe, o partido entrou em transformação. A motivação da transformação era justa: responder, com novas formas e novas bandeiras, às mudanças de conjuntura. Afinal, primeiro centenas de milhares haviam saído às ruas exigindo direitos, mas rechaçando as organizações partidárias. E, depois, houve uma polarização política sem precedentes na história recente do país. Mas de boas intenções o inferno está cheio, e a prática demonstra que a transformação do PSOL ruma à adaptação à ordem.
Às Jornadas de Junho, o PSOL respondeu com um autonomismo meia-boca. Como os partidos de esquerda eram rejeitados pela vanguarda da juventude que se mobilizava, era necessário, pelo menos no discurso, demonstrar o contrário disso. Abdicar do debate de temas clássicos do marxismo, porque “os tempos eram outros”. Mas, na prática, manter as mesmas relações burocráticas de poder dentro do partido, sem deixar de fraudar plenárias e congressos para garantir uma maioria política na direção do partido, por exemplo.
Ao Golpe, o PSOL respondeu com uma leitura da realidade impressionada e medrosa. O pacto social de conciliação de classes dos governos petistas, antes criticado (de maneira envergonhada) até pelos reformistas do partido, passou a ser defendido até por parte dos revolucionários. Temendo as consequências da virada da situação política brasileira, o que não ocorria dessa forma, regressiva, há décadas, o PSOL resolveu se abraçar de vez ao regime e o Estado, temendo um regime militar, ou usando essa possibilidade como desculpa para sua transformação. Não só: temendo uma nova onda de crescimento do petismo, que soube muito bem se martirizar após o Golpe para se reconstruir (e cujo crescimento poderia ser um entrave para o objetivo central do PSOL no momento: eleger parlamentares e, quem sabe, Freixo prefeito do Rio), resolveu mudar de patamar sua relação com os setores ex-governistas.
À sua insuficiência de organização de berço (de um partido fundado por rupturas parlamentares e que agregou apenas parte da juventude pequeno-burguesa radicalizada e setores do funcionalismo público), enquanto instrumento de mobilização e politização da classe trabalhadora, o PSOL respondeu com uma política que muito bem serve para inflar o ego de seus militantes: a aproximação com o MTST. Corretamente o PSOL percebeu que o MTST é uma das maiores organizações de vanguarda da classe trabalhadora com grande capacidade de mobilização de setores mais explorados da classe. Incorretamente, o PSOL resolveu substituir a falta de trabalho de base por apenas destacar militantes para apoiar ações do MTST e vestir a camisa do movimento.
Da correta unidade de ação com o lulo-petismo para barrar ataques aos direitos dos trabalhadores, das mulheres, dos LGBTs, etc, o PSOL passou a buscar unidade programática com o PT. Essa transformação do PSOL pode ser resumida na consolidação de uma direção reformista (Unidade Socialista), com apoio de “conselheiros revolucionários” (Insurgência), que quer localizar o PSOL como a figura mais à esquerda e progressista na democracia brasileira.
É uma política que de nova não tem nada: há mais de um século setores da esquerda, no mundo todo, em momentos difíceis da conjuntura, voltam-se a defender o regime burguês e sua democracia. E não é novo também o resultado dessa política: a absorção desses setores pelo Estado burguês e pelo capitalismo. Receiam perder espaço ao apresentar a saída socialista como única alternativa à barbárie em que os trabalhadores do mundo vivem, justamente no momento da conjuntura internacional em que, num cenário de polarização social crescente, as instituições do regime podem desmoronar e abrir brechas revolucionárias. Com medo de perder direitos democráticos hoje, o PSOL abre mão de preparar caminho para transformações radicais nos próximos anos, pois se relocaliza ao lado do PT e não da revolta anti-sistêmica.
Ontem, no lançamento oficial da candidatura de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara à presidência, a saudação de Lula nada é mais do que mais uma peça nesse processo de transformação. Peça extremamente simbólica, em especial porque parece nem sequer ter revirado o estômago dos “mais radicais” presentes no evento.
Aos militantes socialistas classistas dentro do PSOL, que são vários, sugiro que sigam o mesmo caminho que eu: abandonem essa experiência perdida que é o PSOL. Seguir disputando o partido contra os reformistas, além de ser um grande desperdício internista de esforço militante, pode inclusive ajudar o crescimento das políticas da maioria do partido. Tentar eleger deputados pelo PSOL tendo Boulos como candidato (aquele que não vai ouvir nenhuma crítica de Lula, como o próprio ex-presidente disse) é referenciar essa estratégia política fadada ao fracasso.
O medo das derrotas pode ser grande e a saída radical pode estar distante no horizonte, mas não é apostando numa alternativa que não acredita na construção de poder dos trabalhadores de forma independente ao Estado e aos patrões que vamos resolver quaisquer dos problemas de fundo da sociedade brasileira.

CONVOCADO O 25º CONGRESSO DO PARTIDO OBRERO DA ARGENTINA E A CONFERÊNCIA INTERNACIONAL







Entre os dias 29/03 e 07/04, ocorrerão em Buenos Aires diversas atividades políticas da maior magnitude para a militância revolucionária que busca o caminho da emancipação social e política do sistema capitalista em sua etapa senil, de total decadência, no que diz respeito aos destinos da humanidade.


O nosso agrupamento, TRIBUNA CLASSISTA, que atua no Brasil na condição de simpatizante e militante da CRQI – Coordenação pela Refundação da Quarta Internacional foi convidado para participar dessas relevantes atividades do ponto de vista dos interesses imediatos e históricos dos trabalhadores. Sentimos-nos orgulhosos por termos sido convidados e na condição de um pequeno agrupamento político que modestamente procura encontrar uma fisionomia política própria baseado nas ideias centrais do Programa de Transição de León Trotsky iremos participar com uma delegação de militantes que atuam em alguns estados do país. A premissa de que a crise da humanidade reside na crise da direção do proletariado no Brasil se manifesta à luz do dia na crise da direção frente populista do PT e da CUT, que estende seus tentáculos nas organizações de massas como o MST e a maioria dos movimentos sem-tetos, bem como nas organizações de negros, mulheres e da juventude e arrasta pequenos agrupamentos e partidos para o pântano da colaboração de classes.


Os que entendem que a responsabilidade por este enorme retrocesso que os trabalhadores estão sofrendo com as medidas que foram tomadas pelo governo golpista de Temer, e que se aprofundam com a tendência da militarização a se estender para todo o país, não é daqueles que usurparam as organizações dos trabalhadores e impuseram a política estratégica de conciliação de classes, facilitando e pavimentando inclusive o caminho para o golpe de estado, e possivelmente agora para o golpe dentro do golpe, ou por um autogolpe comandado pelo próprio “vampiro” Temer, QUE SEJAM ABANDONADOS À SUA PRÓPRIA SORTE! Pois já abandonaram há muito tempo a premissa número um do Programa de Transição, não podem mais falar em nome do trotskismo, a não ser em seu próprio nome, em nome de seus interesses particulares.


Do dia 29/03 ao dia 01/04, quinta, sexta, sábado e domingo,  acontecerá o 25º Congresso do Partido Obrero nos marcos de um enfrentamento com o governo Macri que há pouco tempo acabou de aprovar a reforma previdenciária no Congresso Nacional e está promovendo uma verdadeira declaração de guerra contra o conjunto dos explorados no país vizinho. O Partido Obrero, que concebe e desenvolve a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores – FIT, como uma frente única dos trabalhadores, em todos os terrenos da luta de classes, com um programa de independência política dos trabalhadores, tanto frente à direita que está no governo, como ao nacionalismo burguês em decomposição, expresso na figura de Cristina Kirchner,  tem participado como protagonista de diversas lutas, o que ocasionou uma onda de repressão e prisões de seus militantes políticos.


Nos dias 02 e 03/04, segunda e terça-feira ocorrerá a Conferência Internacional convocada pelo DIP (Turquia), EEK (Grécia), PT (Uruguai) e o PO (Argentina). Foram convidadas organizações operárias e socialistas e agrupamentos combativos de diferentes países. O propósito é desenvolver um debate acerca das perspectivas do período atual e as responsabilidades e tarefas que nos cabem aos que lutamos pela transformação revolucionária do regime de decadência do capitalismo. A Conferência se desenvolverá em um cenário internacional convulsivo, caracterizado pela crise capitalista mundial, desequilíbrios políticos crescentes, aumento da guerra comercial e financeira, com incremento das guerras imperialistas, crise dos mais variados regimes políticos e tendências à rebelião popular.


No dia 07/04, sábado, será realizado um multitudinário ato de encerramento.


Entre a Conferência e o Ato de encerramento também se organizarão palestras públicas em províncias e localidades diversas para levar as posições internacionalistas à vanguarda operária e juvenil.


As organizações que convocam a Conferência Internacional se colocam no terreno da reconstrução da IV Internacional   e entendem que está na ordem do dia a necessidade de uma ação internacional comum da classe operária e a reconstrução de uma internacional socialista revolucionária. Partem da caracterização  da decadência histórica do capitalismo e da crise da humanidade que é sua consequência. Frente à caducidade do reformismo e em oposição  à colaboração de classes, sustentam que a saída a esta crise da humanidade transita pela ação histórica independente do proletariado, o governo dos trabalhadores e a revolução socialista internacional. Por este motivo, é caracterizada que a persistência desta crise da humanidade obedece a uma crise da direção das massas que se rebelam contra o capital sem solução de continuidade. É uma questão decisiva nesta etapa de aguda crise mundial e de rebeliões populares. O reformismo e o stalinismo foram os responsáveis históricos e os agentes políticos do maior retrocesso que sofreu historicamente a classe operária, tendo como referência a degeneração dos estados emergentes das revoluções sociais do século passado e restauração capitalista posterior.


É desse campo político que propugnam uma ação comum internacional com todas as expressões de luta e de combate que buscam seu lugar  na classe operária e nas massas. É nesse sentido estimulada a clarificação de posições políticas e de programas, para se chegar a reivindicações definidas e a uma verificação comum do resultado da luta. O desafio a ser enfrentado é de uma transição política de crises capitalistas e guerras imperialistas, por um lado, e de resistência tanto difusa, como aberta dos explorados, e de rebeliões das massas trabalhadoras. Uma transição que leva a situações pré-revolucionárias e revolucionárias.


A Conferência Internacional será, sem dúvidas, um fórum de debates e de conhecimento e clarificação recíprocos. Marcará, neste sentido, novos avanços no caminho de desenvolver partidos operários e revolucionários. Mas deve cumprir, sobretudo, com o dever de unir as forças que participarem dela em um plano de ação. A experiência comum na luta é uma condição e um motor da unidade política. O êxito da Conferência ficará assinalado pelos avanços que conseguirmos neste propósito.


A agenda da Conferência Internacional contemplará o debate de resoluções políticas, por parte das diferentes delegações, para adotar, em conjunto, iniciativas de ação comum em torno às questões mais importantes. Será uma conferência aberta; o propósito é verificar experiências e conclusões que permitam enriquecer uma ação verdadeiramente internacionalista.


- Pelo fim das guerras imperialistas e reacionárias mediante a unidade na luta do proletariado e as massas de todo o mundo!

- Contra a miséria social crescente do capital e seus assassinatos cotidianos, é feito um chamado a lutar pela derrota da burguesia e o poder dos trabalhadores, para por em pé uma sociedade socialista internacional!